A Polícia Civil, em uma ação conjunta com o Ministério Público, libertou o ator Sérgio Hondjakoff e outras 45 pessoas de uma clínica de dependência química em Pindamonhangaba, interior de SP. O caso ocorreu na noite de quarta-feira (4) e, de acordo com a investigação, todos eles estavam sendo mantidos em cárcere privado.
Conhecido por interpretar o personagem Cabeção em "Malhação", da TV Globo, ele nega que estivesse no local. A versão dele, no entanto, conflita com a da polícia.
Entenda o que se sabe e o que falta saber:
- Como o ator estava?
Até o momento, a Polícia Civil não deu detalhes sobre como o ator foi encontrado. A informação confirmada pela polícia é que ele era um dos 46 internos do local que foram encontrados em situação de cárcere privado na clínica para recuperação de dependentes químicos.
À polícia, os pacientes contaram que eram obrigados a assinar termos em que diziam estar no local por vontade própria. Eles disseram também que tinham as ligações com a família restritas e monitoradas pelos responsáveis do estabelecimento.
- O que ele disse sobre o caso e por que a versão conflita com a da polícia?
Nesta quinta-feira (5), o artista divulgou um vídeo em uma rede social dizendo que não estava no local.
"Estou gravando este vídeo para desejar uma boa tarde para vocês e para desmentir mais um boato, né?, que saiu na internet a meu respeito, que eu estava internado em uma clínica, em cárcere privado. Não, mentira. Eu estou aqui com a minha mãe em Resende [RJ], estou curtindo aqui essas férias de inverno", diz ele.
A versão dele conflita com o que foi divulgado pela Polícia Civil. O G1 confirmou que o nome completo do ator, incluindo a filiação, consta no boletim de ocorrência registrado sobre o caso. De acordo com o registro policial, ele estava na delegacia entre os pacientes resgatados da clínica. O G1 tenta contato com o ator.
Boletim de Ocorrência lista Sérgio Hondjakoff entre os pacientes que estavam na clínica — Foto: Reprodução
- Como ocorreu a operação?
Equipes do MP, polícia e assistentes sociais da prefeitura estiveram na clínica na quarta-feira.
A polícia informou que encontrou no espaço medicamentos que exigem prescrição médica, mas que os funcionários não tinham receita; e que os internos contaram que tiveram de pagar uma taxa à clínica para serem vacinados contra a Covid-19 mesmo a imunização sendo garantida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O local foi fechado.
- Por que a clínica foi investigada?
A clínica era investigada pelo MP por manter internos de forma compulsória e sob maus-tratos. Eles tinham assinado um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com a promotoria no qual se comprometiam a regularizar o funcionamento. De acordo com o órgão, as denúncias continuaram e foi pedido à Justiça um mando de busca e apreensão para o local.
- Alguém foi preso?
Dois funcionários foram presos. Segundo a polícia, os donos vão responder por sequestro.
- O que aconteceu com as outras pessoas que estavam sob cárcere privado?
Dos internos, parte tinha transtornos psiquiátricos e precisou ser acolhida em instituições especializadas. Outros nove foram encaminhados a outra clínica para o tratamento de desintoxicação de uso de drogas e outros foram entregues às famílias.
- Qual o próximo passo da investigação?
A Polícia Civil anunciou uma entrevista coletiva para a tarde desta sexta-feira (6) para dar mais detalhes sobre o caso.