Foto: Arquivo Pessoal
Uma família está passando por um luto em dobro em Viana, na Região Metropolitana do Espírito Santo. Daniel Lana Christ, de 44 anos, é pintor e estava trabalhando no sábado (7) quando começou a passar mal e foi levado ao posto de atendimento em estado grave, teve um infarto e morreu. O pai, Guido Christ, de 80 anos, ao saber da notícia também teve um ataque cardíaco e morreu cerca de 4 horas depois.
Em conversa ao g1, o sobrinho da família, Vinícius Lana Pedroni, que presenciou a correria até o médico, contou o sábado de terror que a família vivenciou.
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"No sábado, por volta de umas 17h30, o Daniel passou mal. Ele é pintor e trabalha com móveis planejados e foi pegar uma peça para colocar no carro e levar para um cliente e se sentiu mal. O próprio pai levou o filho ao pronto atendimento e logo depois deram a notícia pra ele que o filho tinha morrido", contou Vinícius.
Vinícius disse que foi até o pronto atendimento levar a mulher de Daniel, e encontrou Guido sentado em estado de choque.
"Ele estava muito aéreo com a morte do filho. Quando cheguei perguntei o que aconteceu e ele disse que o Daniel morreu, numa tranquilidade surreal. Não entendi nada. E aí foi uma correria, todo mundo assustado", relatou o sobrinho.
Depois de saber da notícia da morte do filho, o aposentado voltou para a casa para tentar contar para a esposa. Nesse meio tempo, mais parentes começaram a chegar e 2h depois, Guido começou a passar mal.
A filha do aposentado levou o idoso já muito mal para o Hospital São Francisco, em Campo Grande, Cariacica. O homem foi atendido e sedado pelos médicos. Pouco tempo depois, o quadro de Guido piorou, e por volta das 21h30 ele também faleceu.
Perda muito grande para a família
Segundo os familiares, pai e filho não tinham problemas cardíacos. Os dois foram velados no domingo (10), na paróquia em que Guido era atuante há quase 40 anos.
Foto: Arquivo Pessoal
"Ele sempre participava das celebrações, realizava batizados. No domingo ele iria participar da missa na parte da manhã, tinha até brincado com vizinhos falando que ia ser a última celebração que ele ia fazer", contou Vinícius.
Pai e filho moravam no mesmo terreno, mas em casas diferentes. Daniel deixou uma filhinha de apenas 2 meses, a Antonella. Os dois eram nascidos e criados no bairro, e segundo parentes, eram muito queridos pela comunidade.
"Daniel era um cara que gostava muito de pesca, era extrovertido e brincalhão. Um primo que tem um coração do tamanho do mundo. Gostava de postar as fotos dos peixes que pescada. Já o tio Guido, uma pessoa sempre acolhedora, uma palavra amiga. Tem um legado muito grande na igreja e sempre ajudava a comunidade", relatou o sobrinho.
Em uma tentativa de poupar o sofrimento da mãe de Daniel, esposa de Guido, a família a levou para uma casa no interior do estado, em Anchieta.
"Ainda estamos processando todas as informações. Agora é continuar os desejos que eles tinham. É um luto em dobro, uma dor em dobro. O que nos conforta foi ver a igreja lotada durante o velório, ver a quantidade de gente que estava querendo ajudar. Isso nos conforta", desabafou o sobrinho.
Cardiologista explica
Foto: Arquivo Pessoal
O cardiologista Henrique Bonaldi disse ao g1 que a doença coronariana é adquirida ao longo dos anos e o estresse físico e emocional podem desencadear um infarto.
Não há no entanto, comprovação na literatura de que o estresse emocional pode ser o grande causador do problema.
"Não é todo mundo que tem estresse emocional que vai passar por isso [ter problema cardíaco]. Igual a gente tem preocupação de quem vai praticar o esporte, atividade física, o mesmo acontece com as pessoas que passam por estresse emocional. Essa [faixa etária do pai e do filho] é preocupante. Acima de 40 anos todos os indivíduos devem passar por exames o quanto antes para ter dimensão de como está a saúde vascular", orientou o médico.