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Segundo dados da ANVISA (Associação Nacional de Vigilância Sanitária), cerca de 10% das mulheres brasileiras são afetadas pela endometriose ou pela adenomiose, duas doenças que atingem o sistema reprodutor feminino. Esse é o mesmo índice de mulheres afetadas em todo o mundo.
Embora tenham características semelhantes, a adenomiose e a endometriose não são a mesma coisa. Entre os sintomas comuns dessas condições estão: cólica menstrual, dor na relação sexual e infertilidade.
Mesmo sendo diagnósticos diferentes, essas duas condições acontecem em razão do crescimento anormal do endométrio, camada que reveste a cavidade interior do útero e é expelida durante o período menstrual.
A Dra. Mariana Rodrigues, ginecologista especialista em endoscopia ginecológica e em tratamentos voltados para ginecologia regenerativa, explica que as duas patologias podem ser descobertas por meio de exames físicos e de imagem, por exemplo, ressonância pélvica e ultrassonografia.
O que é a endometriose?
A endometriose é uma doença inflamatória crônica que atinge cerca de 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva.
De acordo com Mariana Rodrigues, o problema acontece quando o tecido que reveste o útero internamente retorna pela trompa, cai na cavidade abdominal e, por uma deficiência imunológica, acaba se aderindo a outros órgãos e se comportando como se ainda estivesse dentro do útero, sangrando a cada ciclo.
Além da cólica menstrual, a dispareunia (dor durante a relação sexual), a infertilidade e a dificuldade para urinar/evacuar fazem parte dos sintomas da endometriose.
Para tratar a doença ginecológica, é preciso avaliar a sua gravidade, a intensidade da dor e a questão da infertilidade, segundo a médica. De acordo com o caso, pode haver a indicação de cirurgia ou de uso de hormônio.
Entretanto, os hábitos de vida saudáveis também são importantes para lidar com a endometriose, entre eles a prática de atividade física, o gerenciamento do estresse, o sono adequado e a adoção de uma dieta anti-inflamatória.
O que é a adenomiose?
Na adenomiose, há a invasão do tecido endometrial ao miométrio, camada intermediária do útero, onde também ocorre um crescimento atípico do tecido, segundo a ginecologista. "A adenomiose é a infiltração do endométrio, que é o tecido que recobre o útero por dentro, no miométrio, que é a musculatura do útero", explica.
Com a disfunção no crescimento do tecido ectópico, surgem pequenas bolsas no miométrio, que resultam em cólicas intensas e em um forte fluxo menstrual.
"Apesar de tais características, a adenomiose é benigna, pois não existe a possibilidade de evoluir para um câncer", afirma a especialista.
Os principais sintomas desta patologia são o aumento do fluxo menstrual, a cólica e o impacto na fertilidade. "Para as pacientes que ainda querem engravidar, o tratamento é baseado em hormonioterapia. No caso de pacientes que já tem prole definida, pode ser feita a histerectomia (retirada do útero)", indica a Dra. Mariana.
Assim como para a endometriose, um estilo de vida saudável e equilibrado também desempenha um papel relevante para o tratamento relacionado à adenomiose.
Quais as diferenças?
De forma resumida, enquanto a endometriose tem relação com o endométrio, mucosa que recobre o útero internamente, a adenomiose está ligada ao miométrio, camada mais espessa e responsável pelas contrações no momento do nascimento de um bebê.
"A principal diferença entre elas é o sangramento uterino. Enquanto a endometriose é não afeta o fluxo menstrual, a adenomiose aumenta consideravelmente o sangramento menstrual e em casos graves, a mulher apresenta quadro de sangramento uterino diário e de difícil controle.", explica a médica.
Além disso, vale ressaltar que as duas doenças podem coexistir, ou seja, podem ser encontradas juntas na mesma paciente.
A fertilidade
Nas duas doenças, há a alteração na fertilidade, mas ela pode acontecer por motivos diferentes. "Na endometriose, isso ocorre por causa da obstrução das trompas, por causa da redução da reserva ovariana, que é a quantidade de folículos no ovário ou devido à inflamação do ambiente pélvico. Na adenomiose, a infertilidade pode ocorrer em razão da grande quantidade de processo inflamatório intrauterino, tornando o útero um ambiente inóspito para a gestação", relata a ginecologista.
Entretanto, a médica enfatiza que nem toda mulher diagnosticada com os problemas enfrenta a infertilidade. "50% das pacientes que têm infertilidade sofrem com endometriose ou adenomiose. É importante salientar que existe tratamento clínico e não cirúrgico que possibilita a gestação para essas mulheres", conclui.