Está em tramitação na Assembléia Legislativa um projeto de lei que obriga o uso da fécula de mandioca pela farinha de trigo no pão sob o argumento de menor custo e mais saudável. Empresário de panificação há 21 anos, Mário Pithon contesta os valores de economia na produção, aponta a exigência quanto o uso da fécula como uma forma de aprisionar o mercado e ainda tirar a opção dos consumidores.
Num rápido cálculo, Pithon desmitifica a vantagem financeira. "O valor do quilo da farinha de trigo e o quilo da farinha de mandioca são respectivamente R$1,42 e R$1,38, diferença de apenas R$0,04 (quatro centavos/Kg). A substituição seria de 10%, logo 5Kg, já que o saco comercializado tem 50Kg, teríamos 5 x 0,04= R$ 2,00 dois reais/Kg. Como se produz 1200 pães por saco, a diminuição seria de R$0,0016 no preço do pão e R$0,033 no quilo do pão, ou seja, quase nada”, afirma Pithon.
Considerando a lei da oferta e da procura, a obrigatoriedade tende a gerar o efeito inverso. Pois as panificadoras para cumprir com a norma haveria uma busca maior pela fécula, as indústrias elevariam o preço e consequentemente o segmento repassaria tal impacto no preço final”.
Mas, muito além do que a falsa ideia de rentabilidade, outra questão que deve ser levada em conta é retirar da prateleira o pão feito com farinha de trigo. "Doença celíaca, aquela que cria intolerância ao consumo da proteína do trigo, o glúten, não admite nenhum consumo, ou seja diminui 10% de fécula, nenhum benefício trará aos portadores da doença”, afirmou Pithon.
Por fim, Pithon, defende um amplo debate com a categoria para discutir detalhadamente todos os pontos previstos no projeto. "É preciso ouvir o setor de panificação, as indústrias, a população. Fazer um levantamento profundo para seguir ou não com o projeto. A população baiana seria ferida no sagrado direito de escolha e o benefício estaria na agricultura dos Estados que produzem mais fécula e com maior produtividade. A Bahia tem em torno de 50% de produtividade nos estados do sul, onde deveria se deslocar a visão do estado. Melhorar a produtividade no campo”.