O Rio Itanhém, que nasce no distrito de Monte Castelo, no município de Fronteira dos Vales, Minas Gerais, percorre um longo caminho até desaguar no Oceano Atlântico, na cidade de Alcobaça, no extremo sul da Bahia. Entretanto, o que antes era um curso d'água imponente, vital para o abastecimento e a subsistência de milhares de pessoas, agora agoniza diante da destruição ambiental.
A história de ocupação da região tem sido cruel com o rio. O desmatamento, impulsionado pelo avanço das pastagens e da expansão agropecuária, devastou as pequenas nascentes que outrora alimentavam esse gigante. Sem a proteção das matas ciliares, o Itanhém sofre com assoreamento, perdendo profundidade e força. Para agravar ainda mais a situação, despejos de efluentes domésticos e industriais comprometem a qualidade da água, colocando em risco a saúde dos habitantes e a biodiversidade local.
A bacia do rio Itanhém abastece importantes municípios como Medeiros Neto e Teixeira de Freitas, tornando-se essencial para a vida e a economia da região. No entanto, os impactos ambientais resultantes da negligência humana ameaçam diretamente milhares de famílias que dependem do rio para sua sobrevivência. Pescadores, que antes retiravam dali o seu sustento, veem-se cada vez mais sem opções, pois a vida aquática do rio está desaparecendo.
João Rodrigues, um morador antigo de Teixeira de Freitas, relembra com tristeza os dias em que o rio era caudaloso, cobrindo as pedras que hoje estão à mostra. "A água passava forte, dando vida a tudo ao redor. Agora, vejo o leito seco e sinto um aperto no coração. Se nada for feito, em poucos anos, não restará mais nada", lamenta. Ele defende que barragens sejam construídas ao longo do rio para preservar sua existência e garantir que as cidades vizinhas não fiquem sem abastecimento hídrico.
O caso do Rio Itanhém não é isolado. Ele é mais um dos muitos rios brasileiros que sofrem uma morte lenta, impulsionada pelo aquecimento global e pela destruição indiscriminada dos recursos naturais. A crise climática tem agravado a escassez hídrica e acentuado os impactos da degradação ambiental. Se medidas urgentes não forem tomadas, o destino do Itanhém pode ser o mesmo de tantos outros cursos d'água que desapareceram do mapa, deixando para trás um rastro de prejuízos ambientais e sociais.
Diante desse cenário alarmante, é fundamental que autoridades, população e setores produtivos unam esforços para frear esse colapso. Recuperação de nascentes, reflorestamento de matas ciliares e políticas de saneamento são medidas essenciais para salvar o Itanhém e garantir um futuro sustentável para as comunidades que dele dependem. O tempo está se esgotando, e a última chance de salvar esse rio pode estar escorrendo pelo mesmo leito que hoje se reduz a apenas uma lembrança do que o rio foi um dia.