Quem pensa que cuidar da beleza é apenas coisa de mulher está muito enganado. Os tempos mudaram e agora eles, os homens da casa, também passam cada vez mais tempo em frente ao espelho. Vaidoso, esse público está se preocupando, além da saúde, com a beleza do corpo, da pele, dos cabelos, da barba e, até mesmo, das unhas. E não estamos falando apenas dos metrossexuais não, pois os homens, em geral, estão muito mais engajados quando se trata de cuidados com a aparência. Prova disso é que, de acordo com dados do setor, a demanda masculina já representa uma fatia significativa do mercado de cirurgias plásticas e procedimentos estéticos.
Além disso, de acordo com especialistas, esse crescimento também é notável na prática, pois o país vem registrando números recordes de pacientes interessados em aproveitar as últimas inovações em intervenções estéticas para melhorarem a aparência e preservarem a jovialidade. E, para atender a essa demanda, a ciência desenvolve cada vez mais métodos e técnicas que prometem aumentar a segurança e trazer a solução, até mesmo, às queixas dos mais exigentes. E o transplante capilar é um deles. O procedimento relativamente simples, caiu no gosto dos brasileiros nos últimos tempos e está fazendo sucesso graças ao efeito natural que proporciona e, na maioria dos casos, definitivo.
Mercado em alta
O Brasil ocupa um lugar de destaque quando se fala em procedimentos estéticos, de acordo com o ranking da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (Isaps, na sigla em inglês) nós perdemos apenas para os Estados Unidos, ocupando o segundo lugar entre os países que mais realizam essas intervenções, seguidos respectivamente pelo Japão, Itália e México. As mulheres ainda são as principais impulsionadoras desse mercado, mas a demanda masculina também vem se destacando.
Para se ter ideia, os homens representaram quase 15% dos pacientes estéticos no ano passado – um pequeno aumento em relação a 2016 – com 3.183.351 procedimentos realizados em todo o mundo. As intervenções que fazem mais sucesso entre o público masculino são: lipoaspiração, blefaroplastia (cirurgia das pálpebras), rinoplastia, ginecomastia (redução de mamas masculina) e transplante capilar.
E os brasileiros não ficam atrás. Segundo o balanço da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), somente em 2016, os procedimentos realizados em território nacional somaram 1.472.435 intervenções. Deste total, mais de 17 mil cirurgias voltadas para a correção de problemas capilares. Segundo o médico Alan Wells, cirurgião plástico especializado nesse seguimento, esse interesse crescente acerca do procedimento se deve ao avanço das técnicas cirúrgicas, que trazem uma solução nova para o antigo problema que incomoda especialmente os homens.
Vaidade por um fio
Teoricamente os cabelos servem para proteger a cabeça de baixas temperaturas ou dos efeitos nocivos dos raios solares, no entanto, do ponto de vista funcional, essa tarefa é irrelevante, especialmente nos tempos modernos. Por isso, na prática, sua função é estética e atualmente é considerado um dos itens fundamentais de beleza. “Existe uma valorização dos fios e a falta deles pode levar, até mesmo, a problemas emocionais, portanto as queixas daqueles que sofrem com a perda não devem ser ignoradas” – explica Wells.
A queda de cabelo é um problema que acomete principalmente os homens e pode surgir a partir dos vinte anos. A principal causa é a calvície, conhecida também como alopecia androgenética, que é resultado da ação de genes herdados tanto do pai quanto da mãe. Mas, de acordo com Wells, há outros fatores que podem desencadear ou agravar o problema, por isso, antes de iniciar qualquer tratamento é preciso identificar a causa.
“Além da predisposição genética, que pode se manifestar gradualmente, existem outros motivos para a queda de cabelo que devem ser descartados antes de se optar pela cirurgia, como alterações psicológicas, doenças endócrinas ou autoimunes, efeitos colaterais medicamentosos, traumas e infecções. O problema também pode ocorrer devido a condições de pós-parto ou pós-operatórios de grandes cirurgias, problemas na tireoide, anemia por deficiência de ferro e, até mesmo, dietas restritivas” – afirma o especialista em transplante capilar
Solução definitiva
De acordo com o médico é preciso investigar a raiz do problema para saber se há indicação cirúrgica ou não: “Se a causa da queda for um fator emocional ou de saúde clínica, é preciso, primeiro, tratar estas condições. Atualmente existem tratamentos clínicos com fármacos ou medicamentos de uso tópico que ajudam a inibir ou, até mesmo, a reparar as áreas afetadas pela queda dos cabelos, mas se não surtirem efeito ou se for o caso da calvície clássica, a cirurgia pode ser indicada, por se tratar do método mais eficaz para combater o problema” – explica Wells.
Vale lembrar que a intervenção cirúrgica não traz a cura para a calvície, mas é capaz de proporcionar uma solução mais duradoura para este mal. Dessa forma, quando o paciente se submete ao procedimento, consegue impedir, dependendo do grau, o avanço progressivo da calvície. Segundo Wells, ao contrário do implante – feito com cabelos artificiais –, o transplante capilar utiliza os fios do próprio paciente, retirando-os de uma região que não é afetada pela alopecia (geralmente a parte lateral inferior do couro cabeludo), assim, todo o material transplantado é imune à queda definitiva, pois não possui os genes dessa patologia.
Técnicas mais modernas
Apesar de muitas pessoas confundirem o implante com o transplante, existem diferentes substanciais entre as técnicas. De acordo com Wells o implante capilar é, inclusive, proibido, pois, além do aspecto pouco natural, a antiga técnica trabalha com material sintético que, apesar de apresentar um resultado imediato, tem altos índices de rejeição por parte do organismo. Justamente por isso essa prática foi abandonada pelos profissionais. “Já os resultados do transplante capilar demoram um pouco mais para aparecer, mas são muito satisfatórios e bem naturais, já que a técnica usa os folículos pilosos do próprio paciente” – afirma o cirurgião.
Folicular unit extraction (FUE)
Entre os métodos de transplante capilar esse é um dos mais interessantes. Descoberta após a virada do século, a técnica consiste no aprimoramento de um procedimento antigo. “Aqui se utiliza um micro cilindro, com diâmetro inferior a 1 milimetro, que deixa uma cicatriz puntiforme quase imperceptível, permitindo que o paciente utilize cabelos curtos.” – explica Wells.
De acordo com o médico é possível, até mesmo, fazer a retirada de folículos de outras áreas do corpo, como por exemplo a barba e o tórax, no caso de pacientes que possuem uma área doadora com baixa densidade. E, atualmente, esse transplante já é realizado também em barbas e sobrancelhas, já que as unidades foliculares são implantadas uma a uma, proporcionando maior naturalidade. “Quem deseja fazer o procedimento deve ser submetido a uma avaliação médica que irá realizar um exame clínico detalhado e identificar a causa exata da queda para, então, indicar a cirurgia” – finaliza o especialista.