Um terreiro que existe há 39 anos na cidade de Juazeiro, norte da Bahia, sofre há cerca de três meses com ação de vândalos, segundo conta a líder religiosa Adelaide Santos. O templo Ilê Abasy de Oiá Guenã, no bairro Kidé, chegou a ser arrombado algumas vezes, e a casa onde ela mora com netos e filhos também foi apedrejada. Por causa disso, a líder religiosa de 63 anos passou a dormir na casa de vizinhos.
O telhado do terreiro está todo danificado e as paredes foram marcadas com cruzes. Quadros e fotografias também foram destruídos. "Tenho minha casa. Não posso ficar dentro por causa desses problemas. Mas nunca revidei nenhuma pedra. Sempre aguentando tudo aqui dentro porque eu tenho fé muito em Deus e em minha mãe”, conta a líder religiosa.
Em apoio à Dona Adelaide, membros da sociedade civil organizada, simpatizantes de movimentos de terreiro e representantes do poder municipal de Juazeiro se mobilizaram para combater as ações de intolerância.
"A gente já deu entrada no Ministério Público, também já fomos junto com a família de Dona Adelaide à polícia e precisa caminhar junto contra essa violência que vem sofrendo Mãe Adelaide”, afirma Luana Rodrigues, gerente de Secretaria Municipal de Desigualdade Social.
Segundo o representante dos povos de terreiros, o caso de dona Adelaide não é o único. Muitos praticantes sofrem diariamente com o preconceito e desrespeito à religião. "Isso é uma covardia contra o ser humano, contra o próximo. São pessoas que não têm amor a si mesmo. São pessoas que eu acho que não estão seguindo as diretrizes da sua própria religião”, avalia Florisvaldo da Silva Rosa, representante de povos de terreiro.