Um novo capítulo na disputa por terras no Extremo Sul da Bahia gerou um confronto na última sexta-feira (8) entre um grupo de indígenas da aldeia Caí e produtores rurais, no distrito de Cumurixatiba, em Prado. A escalada de tensão exigiu a intervenção da Força Nacional de Segurança Pública, que atua na região desde abril. Não houve registro de feridos nem prisões, mas a situação evidencia a crise fundiária da área.
Os indígenas ocuparam uma fazenda na semana passada, alegando que o proprietário havia fechado o acesso à praia da localidade. Segundo as lideranças indígenas, a terra ocupada está dentro do território indígena de Comexatibá, tradicionalmente ocupado pelo povo Pataxó e demarcado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em 2014, embora ainda não tenha sido homologado.
Versões Conflitantes e Mediação da Força Nacional
As narrativas sobre o que ocorreu no sábado são divergentes. As lideranças indígenas afirmam que cerca de 15 homens armados tentaram retomar a fazenda sem uma ordem judicial. A Força Nacional, que estava em patrulhamento ostensivo na área, foi acionada para mediar o conflito.
Por outro lado, Mateus Bonfim, presidente da Associação do Agronegócio do Extremo Sul da Bahia (Agronex), relata que a fazenda foi invadida e funcionários foram rendidos. Ele alega que um grupo de fazendeiros desarmados foi prestar assistência ao produtor rural e foi recebido a tiros. Sobre o acesso à praia, a Agronex argumenta que a mudança foi feita pelo proprietário após a compra da terra, e que havia um compromisso de se reunir com a comunidade para encontrar uma solução.
Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública confirmou a atuação da Força Nacional, destacando que a equipe agiu em apoio à Funai para mediar a negociação entre as partes. Segundo o ministério, o caso foi resolvido de forma pacífica e não foi necessária uma intervenção operacional mais intensa. O patrulhamento foi intensificado na região para evitar novos confrontos.
A Força Nacional permanecerá na área até 20 de outubro, com o objetivo de manter a ordem e auxiliar na resolução de conflitos agrários. A disputa, no entanto, continua sem uma solução definitiva, sublinhando a complexidade das questões fundiárias envolvendo comunidades indígenas e proprietários rurais na região.