Num tempo em que muitos líderes evangélicos optam pelo silêncio — seja por conveniência, medo ou conivência —, uma voz se destacou em meio ao ruído da complacência: a do pastor Flávio Amaral, líder do Ministério Libertos por Deus (LPD). Em face do espetáculo promovido por Miguel Oliveira, o chamado "profeta mirim", Amaral não hesitou. Enquanto púlpitos viravam palcos e cultos eram transformados em performances teatrais, ele se ergueu com autoridade bíblica para denunciar o escárnio travestido de avivamento.
Miguel, um adolescente de 14 anos, ganhou notoriedade nas redes e igrejas cobrando cachês que, segundo denúncias, chegavam a R$ 10 mil. Não se tratava de vocação — era comércio da fé. Um verdadeiro cambista do sagrado. A Bíblia adverte: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem da escuridão luz, e da luz, escuridão” (Isaías 5:20). E foi justamente contra essa inversão perversa que o pastor Flávio se insurgiu.
Chamando Miguel de “aprendiz de feiticeiro”, Amaral expôs com coragem o que muitos preferiram fingir que não viam: a instrumentalização da infância, a exploração emocional dos fiéis e o total desrespeito à santidade do altar. Desafiou o garoto publicamente a pregar sem cachê, apenas com despesas custeadas. A resposta foi o silêncio. Porque, onde não há propósito, sobra interesse.
Mas a voz profética não ficou restrita ao púlpito ou à internet. Sua denúncia teve ressonância na Justiça. O Juizado da Infância e Juventude de Carapicuíba acolheu a gravidade do caso e decidiu proibir Miguel de continuar pregando, citando a irracionalidade de um menor movimentar grandes quantias em doações religiosas sem prestação de contas à Receita Federal.
Essa vitória não é apenas jurídica. É espiritual. Revela o papel indispensável de sentinelas como Flávio Amaral — homens que não se vendem por aplausos, que não confundem seguidores com aprovação divina, que não negociam o altar com as vaidades do mundo. “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus” (1 Pedro 4:17).
Flávio não enfrentou apenas um garoto — enfrentou um sistema adoecido, que se alimenta do espetáculo, que canoniza talentos e ignora o caráter. Sua postura é um clamor por integridade, um apelo por santidade, um grito contra a idolatria moderna que substituiu a cruz pelo palco.
O Ministério LPD se firma, assim, como uma referência ética e espiritual em meio à avalanche de confusão teológica. Quando tantos relativizam a Palavra, eles a proclamam com firmeza. Quando tantos abraçam o sensacionalismo, eles sustentam a verdade.
“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Romanos 12:2) — e é exatamente isso que Amaral e o Ministério LPD fizeram: recusaram o conformismo e se levantaram como atalaias sobre os muros da fé.
Que surjam mais vozes assim. Que o altar volte a ser santo. Que a igreja não se cale diante do engano. Porque, como disse o profeta Ezequiel, “se o atalaia vir que a espada vem e não tocar a trombeta, e o povo não for avisado, o sangue será requerido das mãos dele” (Ezequiel 33:6).
O sangue está sendo lavado. E a trombeta já soou.