A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (14), a sexta fase da Operação Overclean, que investiga esquemas de desvio de recursos públicos provenientes de emendas parlamentares e fraudes em licitações. As ações ocorreram simultaneamente na Bahia e em Brasília (DF), com o cumprimento de oito mandados de busca e apreensão.

Entre os alvos da nova etapa está o deputado federal Dal Barreto (União Brasil-BA). As ordens judiciais foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e a operação contou com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Receita Federal.

De acordo com as investigações, o grupo suspeito operava um sofisticado esquema de corrupção que envolvia superfaturamento de obras públicas, fraudes em contratos e pagamento de propina a agentes públicos. Estima-se que o montante movimentado pelo esquema tenha ultrapassado R$ 1,4 bilhão em contratos fraudulentos firmados em diferentes estados.

A Overclean teve início a partir da apuração de irregularidades em repasses do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), órgão ligado ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Segundo a PF, empresários e políticos articulavam juntos para direcionar licitações e garantir vantagens indevidas em contratos públicos, principalmente nas áreas de limpeza urbana e infraestrutura.

Em fases anteriores da operação, nomes de peso da política baiana foram citados, entre eles Elmo Nascimento, prefeito de Campo Formoso (BA) e irmão do deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil). Elmo foi alvo de mandados em julho, quando a Justiça determinou o bloqueio de R$ 85,7 milhões em contas de investigados.

Outro parente do parlamentar, Francisquinho Nascimento, vereador de Campo Formoso, também foi alvo da PF. Em uma das ações, em dezembro do ano passado, Francisquinho foi flagrado arremessando uma sacola com R$ 220 mil pela janela momentos antes de ser preso.

O empresário José Marcos de Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”, é apontado como um dos principais articuladores do grupo. Segundo a PF, Moura atuava como intermediário entre empresas e políticos para viabilizar contratos irregulares. Ele chegou a ser preso preventivamente na primeira fase da operação, mas foi solto por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

O deputado Dal Barreto, um dos alvos desta nova fase, é proprietário de uma rede de postos de combustíveis em Teixeira de Freitas e cidades vizinhas.

A Polícia Federal informou que as investigações continuam para identificar o destino dos recursos desviados e a participação de outros agentes públicos. O relatório final da Overclean deve ser encaminhado ao STF, que decidirá sobre o prosseguimento das ações penais.

 "Dal" Barreto foi um dos deputados federais que votou no plenário da Câmara dos Deputados em favor da soltura do deputado Chiquinho Brazão, acusado pela Polícia Federal de ser mandante do assassinato da ex-vereadora carioca Marielle Franco.  O deputado também votou a favor da Pec da Blindagem.