A quantidade de lama que cobriu as praias de Nova Viçosa no extremo sul da Bahia neste final de ano, tem preocupado os poderes executivo e legislativo bem como a sociedade organizada e a empresa Fibria dona das barcaças de transporte de eucalipto que trafegam na região e, que, segundo moradores é a causadora do impacto ambiental que atingiu a pitoresca cidade de Nova Viçosa, apesar de que, os estudos indicam que o fenômeno não tem nada a ver com o transporte de eucalipto.
Assim que a lama cobriu a areia das paradisíacas praias da cidade, as imagens começaram a circular nas redes sociais e preocupou tanto as autoridades como a sociedade que depende do turismo para sua sobrevivência.
Logo que o desastre ambiental foi notado, autoridades, representantes da ASHONOVI- Associação de Hotéis de Nova Viçosa e representantes da Fibria começaram a se movimentar e várias reuniões foram feitas, e o resultado foi a eleição de um Grupo de Trabalho que está a frente das decisões a serem tomadas.
E nesta terça-feira (18), o GT se reuniu no auditório da Câmara de Vereadores para dar prosseguimento os trabalhos que irão nortear as ações de agora para frente sobre os impactos socioambientais e também econômicos causados pelo lamaçal que atingiu as praias de Nova Viçosa.
Esteve presente a reunião, João Auguti, representando a Fibria, Geovane Rosal, secretário de meio ambiente, Cristiano Buiu, representando a ASHONOVI, os vereadores Mozarzinho e João Farias, representando o poder legislativo, Neuzivan dos Santos, representante do Território de Identidade do Extremo Sul e Leomar Santos, representante do Movimento Popular Praia de Nova Viçosa Pede Socorro.
Areia limpa, água ainda turva
O representante da ASHONOVI, Cristiano Buiu explicou que ele é praticante de mergulho e desde o ano de 2006 que ele percebeu uma movimentação estranha nas águas do mar, mesmo assim não se pode dizer que a Fibria é culpada pelo desequilíbrio ambienta, e só um estudo feito por uma empresa especializada poderá dizer as causas da lama na praia.
“Em 2006 a gente já começou a ver uma mudança na formação de suspenção suspensão é quando o mar mexe muito o fundo dele, a água vai ficando turva, gente começou a ver que essa suspensão não aprecia ser uma suspensão natural e ai, a gente já via desde aquela época que alguma coisa estava diferente, só que na verdade a nossa voz era pouca, eram poucas pessoas que tinha acesso a isso, e percebia essa situação. Com o passar dos anos foi aumentando o nível de resíduos na praia e ai mostrou uma coisa mais a público e agora a gente tá vendo o impacto ambiental, social e econômico na região, eu creio que é um problema de longo prazo a partir de quando começar a ser solucionado a partir do estudo o que pode ser feito, não se pode fazer anda agora porque a gente pode estar prejudicando o meio ambiente” disse.
Buiu explicou que “hoje é impossível a gente poder falar se é por conta da Fibria, a gente tem que sentir que tudo começou de forma maior junto com o período que a empresa começou a dragar na região, as datas batem, elas coincidem, se é ou não é, esse grupo aqui, com esse estudo que vai ser feito, vai de fato saber o que ocasiona essa lama, pra poder corrigir, pra poder fazer o que tem que ser feito”.
Para João Auguti, representante da Fibria, a empresa já desenvolve estudos de navegação partindo de Caravelas até Aracruz desde 2002, e nesse processo há uma necessidade anual de dragagem de uma parte do Canal do Tomba para dar uma profundidade exata para as barcaças seguirem com segurança e também todos os demais usuários do canal, “existe um ponto de localização do material dragado, o que que acontece nessa região toda é uma alta turbidez de coloração mais escura nessas praias, agora vendo especificamente na questão de Nova Viçosa, no início do segundo semestre também tem uma intensidade, e esse ano aumentou bem essa intensidade da lama nas praias de Nova Viçosa que temos acompanhado e ai sempre há uma dúvida geral e uma tendência em associar essa lama com aquelas operações da Fibria lá em Caravelas, lá no canal do Tomba, o que nós estamos fazendo, como você mesmo citou, diante deste movimento da sociedade nós nos aproximamos, nós fizemos contato com várias lideranças e ouve a formação deste GP” disse Auguti.
João também falou que “Vamos apoiar esse GP a contratar um estudo especifico pra gente buscar a causa da lama, então nós queremos ajudar a todos, se realmente ela tem uma parte associada ou um todo associada a operação da empresa ou ela não tem nada associada, a atuação da empresa, que pode ser causada também por outros fatores naturais que ocorrem aqui.
Segundo João, há alguns fatores de desembocaduras dos rios, aqui aconteceu em Conceição da Barra, aconteceu no Prado, aconteceu em Alcobaça, algumas erosões de praias aqui em Mucuri, isso também precisa ser estudado. Está acontecendo algo novo nesta região e a gente precisa estudar, talvez sim, talvez não, isso também possa estar provocando essa intensidade da lama nas praias de Nova Viçosa. Então, resumindo, o estudo com representantes da Associação, com representante do executivo, com representante do legislativo e da Fibria, montamos um GP e estamos na fase de construir um termo de referência que é a base de contratação do estudo, com uma empresa com gabarito para desenvolver esse estudo e trazer resposta para a sociedade. Se esse estudo com uma tecnologia nova, com mais dados, identificar que parte ou o todo deste impacto é causado pela operação da Fibria, o que acontece? Esse estudo está sendo acompanhado pelo IBAMA, ele de posse disso vai determinar se a Fibria continua operando da forma que esta, quais as restrições que ele vai impor a Fibria pra que reduza ou elimine esse impacto. Então na licença que ele nos concede, nas condicionantes que ele exige, vai todos esses aspectos considerados, finalizou Auguti.