Centenas de famílias participaram, neste domingo (26), de uma assembleia na área ocupada conhecida como Basevi, em Prado (BA). O encontro teve como principal pauta a recente decisão judicial que restabeleceu a reintegração de posse em favor da empresa Bahia Costa Sul Empreendimentos LTDA, gerando revolta e apreensão entre os moradores que vivem no local há anos.
A decisão foi tomada após o desembargador responsável pelo caso revogar a suspensão anterior da reintegração, alegando que o número de famílias em situação de vulnerabilidade seria pequeno — apenas sete, segundo relatório encaminhado à justiça. No entanto, os ocupantes contestam a informação e afirmam que centenas de famílias residem na área, muitas delas com crianças e idosos.
“Esse número não representa a realidade. Aqui vivem centenas de famílias que construíram suas casas com esforço e que não têm para onde ir”, afirmou um dos líderes do movimento.
Durante a assembleia, os representantes das famílias levantaram uma série de questionamentos sobre a conduta da Justiça e das autoridades locais. Eles pedem que o Ministério Público e o Judiciário também investiguem a situação da empresa Bahia Costa Sul, que, segundo os moradores, nunca cumpriu suas obrigações legais referentes à infraestrutura do loteamento — como ruas, rede de água, esgoto, energia elétrica e áreas públicas.

“Por que o promotor e o juiz não intimaram o setor de tributação e não investigaram a empresa Basevi, mas investigam nossas vidas? Queremos que a lei seja igual para todos”, cobrou uma das lideranças presentes.
Os moradores também criticam o fato de a empresa não destinar áreas para uso social ou preservação ambiental, como determina a legislação. Eles afirmam que a área permaneceu abandonada por anos e que a ocupação nasceu da necessidade de moradia digna para famílias de baixa renda.

Outro ponto debatido foi a ausência de ação do município. Segundo o movimento, o prefeito de Prado poderia decretar a área como de interesse social, uma vez que parte do terreno seria devoluta, ou seja, sem registro legal de propriedade privada.

Enquanto aguardam uma nova decisão da Justiça, as famílias afirmam que não deixarão o local sem diálogo e pedem que o caso seja analisado com transparência e justiça social.
“Queremos uma solução justa, que respeite o direito à moradia e a dignidade de quem vive aqui. Ninguém quer conflito, queremos apenas ser ouvidos”, concluiu uma das lideranças da ocupação.
