Os indígenas suspeitos da morte de Miscilene D'Ajuda Conceição tiveram suas prisões em flagrante convertidas em prisão preventiva pelo juiz Dr. Gustavo Vargas Quinamo, que responde pela Comarca do Prado.
Entenda o caso:
Na tarde da última segunda-feira (15), uma ação policial realizada por equipes da 8ª COORPIN, Delegacia Territorial de Itamaraju, Delegacia Territorial do Prado e CATTI/Extremo Sul, no curso das investigações sobre a morte de dois indígenas, marido e mulher, ocorrida na noite de domingo na Aldeia Corumbauzinho, município do Prado, resultou na prisão de quatro indígenas, apontados como envolvidos em uma das mortes.
Segundo as investigações, o indígena Lucimar Rocha da Silva, de 40 anos, morreu durante um incêndio em sua residência, ocorrido por volta das 19h do domingo (14). O incêndio teria sido provocado pelo próprio Lucimar, que jogou gasolina e ateou fogo em cédulas de dinheiro após uma discussão com sua companheira, Miscilene D'Ajuda Conceição, 44 anos, sobre a divisão dos valores obtidos com a venda de artesanatos no sábado. Lucimar, alcoolizado e chateado, jogou as notas de dinheiro no chão e ateou fogo, perdendo o controle das chamas, que consumiram sua casa.
Miscilene conseguiu sair da casa a tempo, mas Lucimar não conseguiu e morreu carbonizado. Em resposta ao ocorrido, o irmão de Lucimar, de 45 anos, morador de uma aldeia vizinha, Aldeia Águas Belas, dirigiu-se ao local com apoio do cacique, de 38 anos; do pai do cacique, de 74 anos; e do irmão do cacique, de 34 anos, todos parentes de Lucimar. Juntos, espancaram Miscilene até a morte.
Segundo relatos de testemunhas oculares, apesar das súplicas de Miscilene, ela foi atirada na casa em chamas e, quando tentava fugir, era novamente espancada e empurrada de volta para dentro do imóvel. Enquanto o cunhado (irmão de Lucimar) e o pai do cacique realizavam o espancamento, as testemunhas presentes eram ameaçadas pelo cacique e seu irmão para não interferirem, dizendo que “era coisa de família”. Durante a sessão de tortura, Miscilene não resistiu e morreu antes de ser socorrida.
Diante dos fatos evidenciados nas investigações, as equipes da Polícia Civil diligenciaram na Aldeia Águas Belas, onde prenderam o cacique, seu irmão e seu pai. O irmão de Lucimar foi preso no Instituto Médico Legal de Itamaraju, onde realizava os procedimentos para a liberação do corpo de seu irmão.
Durante o interrogatório, o irmão de Lucimar alegou não lembrar de nada do que ocorreu, afirmando que nem negava nem confirmava a autoria do crime. Os demais envolvidos, apesar dos diversos depoimentos colhidos, negaram participação nos fatos.
O cacique e os outros familiares foram presos em flagrante pelo crime cometido contra Miscilene. Na audiência de custódia realizada às 13h desta quinta-feira, o juiz Dr. Gustavo Vargas Quinamo, que responde pela Comarca do Prado, converteu a prisão em flagrante dos quatro indígenas em prisão preventiva.