Filhos não tinham documentos e não frequentavam escola. O parto da filha mais nova do casal foi feito no apartamento pelo próprio pai da criança.
O empresário de descendência japonesa, Massaharu Nogueira Adachi, foi preso na manhã desta sexta feira, 25 de agosto acusado de manter em cárcere privado a mulher e os seis filhos do casal. A família morava há 19 anos em Fortaleza. Os filhos não tinham documentos, não frequentavam a escola nem iam ao médico, segundo a polícia.
Segundo a Defensoria Pública do Ceará, as vítimas eram mantidas presas em um apartamento na área nobre de Fortaleza sem móveis e eram impedidas de ter contato com outras pessoas. As crianças também não frequentavam a escola e duas delas não possuem certidão de nascimento. Os filhos, dois meninos e quatro meninas têm idades entre 4 e 19 anos. O crime foi descoberto após denúncia anônima por meio do Disque 100.
Segundo a defensora pública e titular do Nadij, Ana Cristina Barreto, que acompanhou o caso, as crianças e adolescentes eram mantidas isoladas de amigos e familiares, as crianças mais novas tem dificuldade para falar. A defensora informou ao G1 que o pai tem problemas psicológicos, com relatos de perseguição e alucinatórios. A Defensoria vai apurar se eles sofriam algum tipo de agressão física e se alimentavam regularmente.
O apartamento de cinco cômodos onde a família morava está localizado na Rua Visconde de Mauá, no Bairro Aldeota, zona nobre de Fortaleza. O imóvel não possui móveis, apenas eletrodomésticos. Todos dormiam em redes.
Durante a visita do Conselho Tutelar, a mãe das crianças apresentou apenas a certidão de nascimento de quatro filhos. De acordo com o relatório apresentado à Defensoria Pública, as informações relatadas apontam que duas crianças mais novas não possuem nenhum documento. A filha mais nova, inclusive, nasceu na própria casa em procedimento realizado pelo pai.
Nesta manhã, equipes do Nadij, Polícia Civil e Conselho Tutelar estiveram no imóvel e conduziram o pai para a Delegacia de Combate a Exploração da Criança e Adolescente (Dececa), onde um inquérito policial deverá ser aberto para investigar o caso.
Os filhos e a mulher foram levados para uma unidade de acolhimento, que não teve o nome revelado por questões de segurança. A filha de 19 anos e a mulher deverão ser levadas para a Delegacia de Defesa da Mulher.
Fotos e Inf. G1