Antigo indicador de charme e status, hoje o cigarro pode ser considerado o carro-chefe das causas evitáveis de problemas à saúde. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), sua composição, que abriga 4.720 substâncias tóxicas, é responsável por 63% das mortes relacionadas a doenças crônicas. No Dia Mundial de Combate ao Tabagismo, a Beneficência Portuguesa de São Paulo reuniu alguns mitos e verdades sobre este vício prejudicial.
Dependência rápida: a dependência do cigarro é causada, principalmente, pela nicotina. Ao atingir o cérebro, essa substância leva entre 7 e 19 segundos para liberar neurotransmissores que desencadeiam a sensação de prazer. "A primeira tragada já causa impressão de bem-estar. É um efeito imediato”, destaca Pedro Genta, pneumologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo. "E ao contrário do que se pensa, na primeira vez que a pessoa fuma, o processo de dependência já é iniciado”, acrescenta o especialista.
Iniciação pelo exemplo: por possuir familiares e amigos tabagistas, grande parte dos fumantes já se familiariza com o hábito antes mesmo de adquiri-lo. De acordo com dados do IBGE 2014, 29,8% dos estudantes brasileiros que cursavam o 9º ano do Ensino Fundamental possuíam um familiar viciado. "Muitas vezes, conviver com fumantes durante a fase de desenvolvimento leva os jovens a descartarem a ideia de que o cigarro é, de fato, um vilão”, diz o pneumologista.
Comprometimento múltiplo da saúde: o tabagismo prejudica muito mais do que órgãos relacionados à respiração. De acordo com Pedro, as doenças mais comuns ligadas ao fumo são, de fato, enfisema, câncer de pulmão, boca e garganta. Porém, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que o cigarro vai além ao aumentar o risco de tuberculose, impotência sexual, infertilidade, osteoporose, doenças gastrintestinais, alergias e até mesmo catarata.
Fumante social também é fumante: Adeptos do cigarro apenas aos fins de semana e ocasiões de lazer, os chamados "fumantes sociais” podem ter ilusão de que sua saúde corre menos risco. "E realmente os prejuízos de fumar se agravam de acordo com a frequência e a proporção do hábito, mas não devemos nos enganar: o fumo esporádico também é um vício que pode muito bem evoluir para uma dependência diária”, destaca Dr. Genta.
Largar o vício de forma inteligente: na tentativa de abandonar o cigarro, algumas pessoas se submetem a técnicas ineficazes e arriscadas, e terminam sem sucesso. De acordo com o especialista, largar o fumo é um processo de desintoxicação física e psicológica que, além de remédios, requer preparo emocional. "O ideal é não entrar por conta própria na luta contra o vício, pois essa opção é mais difícil e rende pouco sucesso. Vale à pena pedir ajuda a um profissional de saúde antes de investir em medicamentos e terapias duvidosas do mercado”, finaliza.