A 20ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo foi realizada neste domingo (29), na região central de São Paulo. A concentração começou às 10h, e às 12h, uma multidão já ocupava a Avenida Paulista. O evento celebrou seu vigésimo aniversário neste ano com 17 trios elétricos. Às 18h, o trânsito de veículos foi liberado na Avenida Paulista e a Parada Gay ficou concentrada com a realização de shows no Vale do Anhangabaú.
O tema desta edição foi "Lei de identidade de gênero, já! - Todas as pessoas juntas contra a Transfobia!”. Os caminhões de som levaram uma bandeira com a letra T, em referência às mulheres transexuais, homens trans e travestis. Segundo a organização do evento, o objetivo foi fazer uma grande mobilização para que a "Lei de Identidade de Gênero”, seja aprovada.
O evento foi oficialmente aberto às 13h10. Com apresentação da Drag Queen Tchaka, o primeiro trio da 20ª edição da Parada do Orgulho LGBT foi o primeiro a deixar a Avenida Paulista rumo à Consolação.
Os organizadores estimaram um público de 2 milhões de pessoas na Parada Gay este ano. A PM afirmou que no horário de pico (15h15) o evento teve 190 mil pessoas.
No final da tarde, a PM prendeu três suspeitos na Rua da Consolação. Dois foram detidos por furto de celular, e um por dar uma garrafada na cabeça de um policial militar.
FOTOS: veja a preparação de Viviany Beleboni para a Parada Gay de SP
A transexual manteve-se concentrada em sua apresentação sobre o trio. A representação da Bíblia abria e fechava, mostrando notas de dólares na parte de trás. No chão, o público aplaudia e acenava para Viviany. O trio elétrico que ela desfilava trazia uma faixa "Fora Temer bem à frente".
Pretty Lupen, de 40 anos, apresentadora da Parada LGBT de Campinas, comemorou o clima do evento paulistano. "A recepção aqui é bastante positiva", afirmou.
Em outros momentos, os participantes fizeram discursos no carro de som contra a intolerância citando o estupro da adolescente de 16 anos ocorrido no Rio de Janeiro. O caso rendeu até cartazes mais radicais colados ao longo do trajeto e sem autoria definida. Neles, havia os dizeres "homens mortos não estupram" e a reprodução de duas armas de fogo.
A atriz Danielli Cristine, de 29 anos, também levou o tema do estupro para a parada. "Trinta e três pessoas pintaram meu corpo de vermelho para lembrar o caso da menina no Rio de Janeiro", afirmou. Em um cartaz, ela criticava quem defende que a garota estuprada no Rio tem responsabilidade sobre o que aconteceu.
Viviany diz que não tem receio de causar repercussão negativa entre os religiosos com sua nova fantasia. "Não tenho medo, quem tem medo é covarde”, afirma. Em 2015, ela abriu processo contra o Facebook para obrigar a rede social a identificar usuários que, após o desfile, publicaram montagens de fotos dela em meio a imagens de sexo explicíto. Ela também abriu sete processos em que reivindica indenização por danos morais no valor total de R$ 800 mil. Uma delas foi negada.
A fantasia é composta por duas balanças que representam a Justiça e uma 'Bíblia' com as palavras "bancada evangélica” que cobre o rosto de Viviany.
O objetivo é mostrar como a bancada evangélica no Congresso Nacional impede projetos de lei em prol da comunidade LGBT e da identidade de gênero, tema da Parada Gay 2016. No último dia 18, deputados de dez partidos apresentaram projeto para suspender o direito de transexuais e travestis a usarem seu nome social nos órgãos públicos do governo federal, direito concedido pelo governo Dilma Rousseff, em abril.