Enquanto a cidade se prepara para dias de festa, com ruas decoradas e investimentos milionários no São João, moradores de bairros periféricos vivem uma realidade bem diferente: ruas completamente às escuras, medo constante e abandono por parte do poder público.
Um vídeo gravado por um vereador e enviado à redação por um morador da cidade mostra o retrato do descaso: vias sem iluminação pública, postes apagados e um breu total logo nas primeiras horas da noite. A situação, além de comprometer a segurança, afeta diretamente a qualidade de vida de quem precisa sair de casa ou voltar do trabalho após o pôr do sol.
“Não tem uma luz acesa. Parece que a gente está vivendo em outro mundo. Enquanto gastam com festa, a gente aqui vive no escuro”, disse um morador, indignado com a situação.
Segundo dados do Ministério Público da Bahia, os municípios baianos já destinaram mais de R$ 400 milhões aos festejos juninos em 2025. Apesar de Caravelas não ter detalhado oficialmente seus gastos, moradores apontam que a estrutura montada para o São João na cidade inclui palcos, som, iluminação especial, decoração e atrações de peso, o que indica um investimento significativo.
O contraste entre o centro da cidade — iluminado, enfeitado e preparado para receber os moradores e visitantes— os bairros esquecidos reforça uma desigualdade que tem sido alvo de críticas. “A prefeitura precisa lembrar que a cidade não é só o palco da festa. A gente também paga imposto e merece respeito”, afirmou uma moradora da região afetada.
Além do desconforto, a falta de iluminação representa um risco real. Ruas escuras facilitam assaltos, furtos, tráfico de drogas e até crimes mais graves. Especialistas em segurança alertam que a ausência de luz pública é um fator que contribui diretamente para o aumento da violência urbana.
Até o momento, a gestão municipal não se pronunciou sobre a situação dos bairros nem apresentou qualquer previsão para a solução do problema.
Moradores agora cobram não apenas luz nos postes, mas também mais responsabilidade e equilíbrio na aplicação dos recursos públicos. O São João é, sem dúvida, uma festa importante para a cultura e a economia local — mas, segundo a população, não pode ser celebrado às custas da segurança e do bem-estar de quem vive à margem da cidade iluminada.