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Entre os anos de 2019 e 2021, mais de 47 mil homens morreram em decorrência do câncer de próstata no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Considerando apenas os números do ano passado, foram 16.055 óbitos relacionados com este tipo de tumor. Por dia, a doença é responsável por cerca de 44 mortes, o que reforça a importância deste Novembro Azul.
"Muitas doenças, na fase inicial, são totalmente assintomáticas, mas podem ser diagnosticadas e tratadas mais facilmente com exames periódicos de check-up. O câncer da próstata é o melhor exemplo disso", afirma Alfredo Félix Canalini, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), para a Agência Brasil.
Quais são os sintomas do câncer de próstata?
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os principais sintomas relacionados ao câncer de próstata em homens são:
Dificuldade de urinar;
Diminuição do jato de urina;
Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite (micção frequente);
Sangue na urina.
Estes sintomas são bastante inespecíficos, ou seja, outras doenças que afetam a saúde dos homens também podem causar os mesmo problemas. Além disso, em estágio inicial, dificilmente um tumor na região será relacionado com a doença.
Por isso, é importante se atentar aos fatores de risco da condição e o estado de saúde da pessoa naquele momento, especialmente em casos de intervenção médica.
Quais são os fatores de risco?
Por fatores de risco, vale explicar que são pontos que aumentam a probabilidade de um indivíduo desenvolver determinado quadro. No entanto, não podem ser encarados como uma "certeza absoluta". No caso específico do câncer de próstata, a SBU destaca estes principais fatores:
Idade: quanto mais velha a pessoa é, maior é o risco da doença. Por exemplo, mais de 60% dos casos ocorrem em homens com 65 anos ou mais;
Histórico familiar de câncer de próstata: especialmente em pais ou irmãos;
Raça: a maior incidência do quadro é entre negros;
Sedentarismo e alimentação inadequada;
Obesidade: índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 30.
Como descobrir se tenho câncer de próstata?
Para identificar o câncer de próstata, o principal exame é a dosagem do PSA (antígeno prostático específico), medida através de um hemograma (exame de sangue). Outra alternativa de tiragem é exame de toque retal, no qual o profissional de saúde pode identificar alterações no tamanho da próstata.
Por fim, o diagnóstico deste tipo de câncer é fechado através da biópsia prostática por via trans-retal ou trans-perineal e guiada por ultrassonografia ou ressonância magnética.
É melhor fazer exames periódicos?
"Mesmo na ausência de sintomas, homens a partir dos 50 anos, ou dos 45, se houver histórico familiar, devem ir anualmente ao urologista para realizar o toque retal e fazer o exame de PSA no sangue", orienta a SBU em sua campanha contra o câncer de próstata de 2022. Só que a questão não é consenso na área médica e alguns especialistas indicam o exame anual após os 55 anos.
Segundo o Inca, "não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de próstata traga mais benefícios do que riscos". Por um lado, o Inca defende que o exame de triagem ajuda no diagnóstico precoce, aumenta o risco de cura e evita casos de dispersão das células cancerígenas pelo corpo (metástase). Por outro lado, é possível que o paciente trate "um câncer que não evoluiria e nem ameaçaria a vida" e "o tratamento pode causar impotência sexual e incontinência urinária", acrescenta.
Nos Estados Unidos, a American Cancer Society (ACS) recomenda que "os homens tenham a chance de tomar uma decisão bem informada, com seu médico, sobre passar pelo rastreamento do câncer de próstata. A decisão deve ser tomada após obter informações sobre as incertezas, riscos e benefícios potenciais do rastreamento do câncer de próstata". Isso vale para os que têm entre 55 e 69 anos, sem histórico familiar da doença e nenhum sintoma.
Além disso, é fundamental entender qual a expectativa de vida do paciente, segundo a indicação da ACS, baseada nos critérios da Força-Tarefa de Saúde Preventiva dos Estados Unidos (Uspstf). Por exemplo, quem tem mais de 70 anos não é orientado a ser testado nos EUA.