A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que apenas 15% dos partos sejam cesáreas, mas só aqui no Brasil na rede privada a porcentagem chega a 82% enquanto na rede pública é de 52%. A médica ginecologista e obstetra Dra Ana Carolina Lúcio Pereira, desvenda o que é mito e o que é verdade e quais as recomendações para cada tipo de parto.
Parto natural
Apesar de ser um parto via vaginal esse tipo se difere do parto normal por ser realizado sem intervenções, como analgesia, uso de ocitocina para estimular as contrações ou procedimentos que possam colaborar com a saída do bebê. “O mais importante nesse tipo de parto é que a mulher opte por ser feito em ambiente hospitalar, respeitando a privacidade dela, da forma mais natural possível”, diz.
Vantagem: A mamãe tem todos os desejos delas respeitados. contato do bebe com a flora materna, contração da caixa torácica pelo canal de parto favorecendo a eliminação de secreções pulmonares e diminuindo riscos de desconforto respiratório do recém nascido e proporcionando a recuperação materna mais segura e com rápido retorno às atividades diárias e maior autonomia com cuidados do bebê.
Desvantagem: Muitas mulheres optam por esse tipo de parto feito em casa, o que não é aconselhado já que a qualquer sinal de complicação o tempo de ida até o hospital pode ser fatal. a espera pode ser árdua para pacientes ansiosas ou inseguras, visto que pode ultrapassar a data prevista de 40 semanas e muitas críticas alheias surgirão desanimando a espera.
Parto normal
É o parto em que a saída do bebê também é via vaginal com apresentação cefálica, ou seja, quando a cabeça se posiciona na pelve, ele já está preparado para o nascimento. Mas, mesmo estando na posição correta, pode ainda ocorrer dificuldades na saída do bebê e, nestes casos, pode ser realizada uma episiotomia – um corte cirúrgico feito no períneo, a região muscular que fica entre a vagina e o ânus – conforme necessidade. “Outras intervenções também são utilizadas nesse tipo de parto como analgesia e/ou indução das contrações com soro contendo ocitocina”, fala a médica.
Vantagens:
Para o bebê: Mais saúde, passagem de microflora vaginal para o bebe através da orofaringe contribuindo para imunidade e desenvolvimento da criança e contato com a mãe nos primeiros momentos de vida, além da oportunidade de sugar o peito nos primeiros minutos após o nascimento.
Para a mãe: Menos riscos, recuperação mais rápida e contato mais rápido com o bebê. Algumas pacientes relatam realização pessoal com fato de conseguirem parir
Desvantagem: mesmo que a gestação tenha sido saudável, não é possível ter o controle total do parto, que pode ser necessário uma intervenção de cesárea de última hora durante o processo.
Parto na água
Nesse parto o nascimento do bebê acontece com a mãe imersa em água – que pode ser uma banheira ou piscina e a barriga deve ficar totalmente encoberta pela água.
“A orientação nesses casos é que a gestante entre na água após uma dilatação do colo uterino maior que 5 cm e sentindo contrações uterinas frequentes e intensas (mais de 2 a cada 10 minutos)”, fala.
Vantagem: O pai pode ficar dentro da banheira ou piscina para apoiar a gestante durante todo o processo além de uso de analgésico natural para as cólicas que a gestante apresentará durante esta fase, promovendo assim relaxamento e conforto.
Desvantagem: precisa de suporte médico e estrutura hospitalar mesmo sendo na água, pois existem complicações que podem ocorrer até mesmo com uma gravidez considerada normal e saudável, como crises hipertensivas no momento do parto e hemorragia contaminação do ambiente com dejetos maternos que podem ser aspirados pelo bebê.
Parto a fórceps ou vacum extrator
Normalmente é preciso usar esse instrumento quando ocorre quando um parto normal evolui com dificuldades para a saída do bebê. “O fórceps é formado por duas partes alongadas e conectadas que se curvam nas pontas para abrigar a cabeça do bebê para que o médico consiga puxar enquanto a mulher fizer força para empurrar o bebê durante uma contração”, explica a ginecologista.
Vantagem: Alivia o trabalho do parto e poupa os desgastes da mãe e do bebê, se necessário; inclusive salvando a vida do bebe que poderá sofrer hipooxigenação se não for extraído em tempo hábil.
Desvantagem: Se o instrumento não for utilizado de forma correta, pode causar lesões para a mãe e para o bebê.
Cesárea
Feita por via transabdominal, ou seja, com um corte no abdômen da mãe em várias camadas até encontrar o feto dentro do útero e assim então retirá-lo. “Nesse parto é preciso usar anestesia e depois que o bebê é retirado, ocorre a retirada da placenta e a sutura de cada plano aberto”, diz a médica.
Vantagens: é indicada em casos que podem levar a riscos como descolamento de placenta, eclâmpsia (condição rara que provoca convulsões durante a gravidez) ou quando o neném não está em posição de parto normal – ou seja, na transversal. Pode ser agendada, favorecendo a programação da chegada do bebê com segurança ele estará bem ao nascer.
Desvantagens: é uma cirurgia de médio porte e um procedimento invasivo. Porém, a cesárea realizada de forma indiscriminada, pode trazer sérios riscos à saúde da mãe e do bebê. Não permite a passagem de bactérias (microbiota) do canal vaginal para a flora oro nasal do bebe.
FONTE: Dra Ana Carolina Lúcio Pereira
Graduada em Medicina e residência em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro em 2005. Título de especialista em: Ginecologia Obstetricia e Medicina do Tráfego pela Santa Casa de São Paulo pela FEBRASGO e ABRAMET.