Enrico Brivio, da Comissão Europeia, durante anúncio do embargo à carne de empresas envolvidas na Operação Carne Fraca (Foto: Reprodução)
A Comissão Europeia disse nesta segunda-feira (20) que está monitorando as importações de carne do Brasil e que todas as empresas envolvidas em um escândalo de carne terão acesso negado ao mercado da União Europeia temporariamente. O nome de nenhuma empresa foi citado.
"A Comissão garantirá que quaisquer dos estabelecimentos implicados na fraude sejam suspensos de exportar para a UE", disse o porta-voz da Comissão Europeia Enrico Brivio em coletiva de imprensa regular.
De acordo com Brivio, a Comissão está ciente da contínua investigação no Brasil. "Assim que a história saiu, na sexta-feira, a comissão pediu esclarecimento e ação das autoridades brasileiras."
A Comissão acrescentou que o escândalo da carne não terá qualquer impacto nas negociações em curso entre a União Europeia e o Mercosul, no qual os dois lados esperam chegar a acordos sobre livre comércio.
O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e o Itamaraty foram procurados pelo G1, mas ainda não se pronunciaram sobre as afirmações da União Europeia.
Carne fraca
Deflagrada na sexta-feira (17) pela Polícia Federal, a operação investiga o envolvimento de fiscais do ministério em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.
Foi descoberto que funcionários de superintêndencias regionais recebiam propina para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem fiscalização.
"Quero fazer um comunicado aos senhores que, naturalmente, peço que transmitam aos seus governantes. Nós tomamos várias deliberações no dia de hoje. A primeira delas é que decidiu-se acelerar o processo de auditoria nos estabelecimentos citados na investigação da Polícia Federal que são, na verdade, 21 unidades no total. Três dessas unidades foram suspensas e todas as 21 serão imediatamente colocadas sob regime especial de fiscalização a ser conduzida por força-tarefa do Ministério da Agricultura", declarou o presidente Michel Temer na véspera, a embaixadores.
Seis das 21 unidades exportaram nos últimos 60 dias, afirmou o presidente, sem dizer os países para os quais se deu a exportação.
Ao longo deste domingo, o presidente teve uma série de reuniões com o objetivo de discutir medidas para enfrentar a crise gerada pelas revelações da operação Carne Fraca.
Temer recebeu, por exemplo, os ministros da Agricultura, Blairo Maggi, e da Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira, além de representantes de associações como a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
Medidas
Após o pronunciamento do presidente, a assessoria do Planalto divulgou uma nota na qual informou que, além da força-tarefa, o governo também decidiu reiterar às missões estrangeiras que "todas as plantas exportadoras permanecem abertas às inspeções dos países importadores" e que o sistema de controle nacional é um dos "mais respeitados do mundo".
O Planalto também diz, na nota, que vai reforçar a cooperação entre o Ministério da Agricultura e a Polícia Federal para apurar eventuais desvios no sistema de defesa agropecuária.