Foto: Neuza Brizola
Na manhã desta quinta-feira (06), nossa equipe de reportagem esteve no canteiro de obras do novo terminal rodoviário de Teixeira de Freitas, onde conversou com trabalhadores de uma empresa terceirizada que decidiram paralisar suas atividades devido ao atraso no pagamento dos salários.
A situação revelada pelos operários é alarmante. Um dos funcionários, visivelmente revoltado, chegou a ameaçar derrubar a construção. De acordo com os relatos, a empresa que venceu a licitação, a Agam Engenharia e Construções LTDA , contratou uma terceirizada, que por sua vez empregou os trabalhadores. No entanto, a obra segue sem um pedreiro responsável e com apenas um carpinteiro e oito ajudantes desempenhando funções além de suas atribuições.
Os trabalhadores denunciam a total ausência de equipamentos de segurança e a irregularidade dos contratos de trabalho, uma vez que a maioria não possui registro em carteira. Marcelo dos Santos, um dos operários, relatou que foi contratado para adiantar a obra, que já estava com um ano de atraso. “Demos nosso sangue e suor, mas desde 6 de janeiro não recebemos nossos salários”, afirmou.
Segundo Marcelo, o responsável pela terceirizada afirmou que não consegue mais pagar os funcionários porque a Agam não estaria repassando os recursos. “O senhor Gustavo, dono da Agam, tem dado datas consecutivas para os pagamentos, mas nunca cumpre. No último prazo, ele disse que pagaria hoje (06) até as 8h30, mas novamente não cumpriu.”
Marcelo e Willian, funcionários da terceirizada que conversaram com a nossa reportagem - Foto: Neuza Brizola
A paralisação gerou uma série de problemas pessoais para os trabalhadores. Muitos foram despejados por não conseguirem pagar o aluguel, e alguns perderam parte de seus pertences por não terem condições de quitar dívidas. Pais relatam dificuldades para comprar materiais escolares para os filhos e problemas com financiamentos de moradias.
Willian Jesus dos Santos também desabafou sobre a situação: “Trabalhar sem receber é um transtorno enorme. Nós temos contas a pagar e acabamos parecendo mentirosos com nossos credores. Graças a Deus, algumas pessoas nos ajudam, mas é muito constrangedor passar por isso trabalhando para uma obra do governo.”
Os trabalhadores decidiram interromper totalmente as atividades e buscaram apoio do sindicato e da imprensa para tornar público o problema. Marcelo destacou que vários jornalistas tentaram contato com o responsável pela Agam, Gustavo, e com representantes do governo estadual, mas não obtiveram retorno.
“O prefeito Dr. Marcelo Belitardo fechou um acordo com o estado no dia 26 de janeiro, mas até agora ninguém apareceu para nos dar uma resposta. Não sabemos mais a quem recorrer”, completou Marcelo.
Além da questão dos salários atrasados, os trabalhadores denunciam a falta de fiscalização em uma obra com licitação de quase 9 milhões de reais, que deveria beneficiar a cidade de Teixeira de Freitas e a região do extremo sul da Bahia. Sem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e um técnico de segurança, os operários seguem vulneráveis a riscos constantes.
A situação permanece sem solução, e os trabalhadores, apoiados pelo sindicato, mantêm a paralisação por tempo indeterminado até que todas as questões trabalhistas sejam resolvidas.
O mais agravante de tudo isso é que a empresa Agam Engenharia e Construções Ltda, com sede na Avenida Leopoldo, Nº 460 na cidade de Tamandaré, no Estado de Pernambuco teve sua situação cadastral extinta por Encerramento Liquidação Voluntária em dezembro de 2021, portanto não poderia participar de processo licitátório.