A Bacia do Rio Amazonas registrou, nesta quinta-feira (19), novas mínimas históricas. Em Manaus, o Rio Negro atingiu nesta quinta-feira (19), 13,29 metros. Esse é o nível mais baixo em 121 anos, desde o início da série histórica na estação em 1902. A cota está 1 metro abaixo do que já é classificado como “seca extrema” e 34 centímetros menor do que o registrado na grande seca de 2010, que teve impactos drásticos na região.
Os dados são do monitoramento realizado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) e estão disponíveis no Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Amazonas. De acordo com as informações, nova mínima histórica também foi registrada nesta quinta (19) no Rio Amazonas, em Itacoatiara: 90 centímetros. Na estação de Manacapuru, o Rio Solimões alcançou 3,61 metros - o nível mais baixo da história, superando a marca de 3,92 metros observada em 2010.
Recuperação lenta
Devido ao fenômeno El Niño, que provoca alteração nos padrões de chuva, a perspectiva é que os rios da Bacia do Rio Amazonas tenham subida atrasada e lenta, segundo o pesquisador em geociências do SGB, Marcus Suassuna. “Com as chuvas registradas no Peru, o nível do Rio Solimões deve começar a subir nos próximos dias. A estação de Tabatinga é a primeira a sentir a recuperação. Gradualmente, as cotas vão subir nas outras estações em Fonte Boa (AM), Itapeua (AM) e Manacapuru (AM). No Rio Negro, em Manaus, é possível que a descida dos rios siga por mais duas ou três semanas”.
Para o Rio Madeira, “a projeção é que o retorno a níveis dentro da normalidade não deve acontecer antes do final do mês de novembro, em razão do atraso e da fraca intensidade das chuvas nesse início de estação”, detalha Suassuna. O Madeira também atingiu níveis mínimos históricos na régua de Porto Velho no dia 8 de outubro, quando alcançou 1,10 metro. A cota esteve 30 centímetros abaixo da mínima histórica anterior, de 1,40 metro, observada em 2022. Nesta quinta-feira (19), o rio registrou 1,85 metro na estação de Porto Velho.
Seca deve se prolongar até 2024
Em algumas estações no Alto do Rio Negro, em Barcelos e São Gabriel da Cachoeira, os níveis mínimos deverão ser observados apenas em 2024. “Em locais onde a estiagem ocorre em fevereiro, a situação é bem preocupante porque já são registrados níveis bem baixos, e o prognóstico até fevereiro não é favorável, em razão dos impactos do El Niño na região que seguirão fortes até o primeiro semestre do ano que vem”, destaca Suassuna.