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Prado -Conflito de terra termina com dois indígenas de 14 anos baleados, um deles morreu  

Clima volta a ficar tenso entre indígenas e fazendeiros com assassinato de adolescente durante conflito no litoral norte do Prado 

Por Neuza em 05/09/2022 às 08:11


 
Prado -Conflito de terra termina com dois indígenas de 14 anos baleados, um deles morreu  

Os conflitos de terras em áreas indígenas no distrito do Prado começam a fazer suas vítimas entre os indígenas que clamam as autoridades por intervenção. 

Prado -Conflito de terra termina com dois indígenas de 14 anos baleados, um deles morreu  
Na manhã deste domingo (04) a tensão voltou a ficar pior, desta vez, foi numa área denominada de “Área da Retomada” às margens do Vale do Rio Corumbau, no litoral norte do município de Prado, vizinha do Parque Nacional do Monte Pascoal de Porto Seguro. No local onde estão ocupantes de uma fazenda, teriam chegado homens armados em dois veículos, um Fiat Uno e uma caminhonete Toyota Hilux que teriam chegado atirando objetivando expulsar os ocupantes da área, que eram apenas cerca de 15 pessoas. Os disparos terminaram atingindo dois adolescentes, causando a morte de um deles. 

Prado -Conflito de terra termina com dois indígenas de 14 anos baleados, um deles morreu  

 

 

As vítimas, Gustavo Conceição da Silva, de 14 anos, que morava na Aldeia Alegria Nova, e outro adolescente também de 14 anos, foram alvejados a tiros, segundo os indígenas por pistoleiros armados. Gustavo foi alvejado com um tiro na cabeça e morreu no hospital de Itamaraju para onde foi socorrido junto com a outra vítima que foi baleado no braço. 


Os indígenas denunciam que homens armados cercaram as aldeias de Boca da Mata e Cassiana por conta de disputas de terra. Na quarta-feira (17/07), um tiroteio deixou dois homens feridos, depois que um grupo de indígenas ocupou uma fazenda na região. A Justiça Federal de Eunápolis deferiu uma liminar em favor do proprietário. 

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Capsulas de material bélico recolhidas na área do conflito


A tensão aumentou entre os dias 12 e 18 de junho, quando um grupo de mais de 100 pessoas da etnia Pataxó retomou uma área denominada como Fazenda Brasília. No sábado do último dia 20 de agosto, fazendeiros e produtores rurais fizeram um manifesto às margens da BR-101 em Itamaraju, bloqueando a rodovia por toda uma manhã pedindo apoio do governo federal e alegando que os invasores das suas propriedades rurais são oriundos de outras localidades que se trajam de índios para obter apoio das instituições protetoras dos indígenas. 


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Capsulas de material bélico recolhidas na área do conflito

Estojos de arma de fogo dos calibres 380 e 12 foram recolhidos no local do evento delitivo no Vale do Corumbau.  Um vídeo postado nas redes socias mostra o relato de um motorista que teve o carro atacado a pauladas na área do conflito. Vídeo;

Entidades que atuam em defesa dos povos indígenas publicaram um manifesto onde narram a situação na área e pedindo justiça.

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Polícia atuando na área 

MANIFESTO; 

Na madrugada de hoje (04), um grupo de pistoleiros fortemente armados atacou as famílias Pataxó que dormiam na área  retomada Vale do Kaí ("Fazenda São Jorge"), na T.I.Comexatibá, em Prado, Extremo Sul  Baiano. 

Esse território tradicional Pataxó teve seu RCID publicado em julho de 2015. Passados sete anos, a terra ainda não foi demarcada. O processo continua trancado com a pauta dos direitos indigenas em nosso país.  Resultado de uma política do Estado que decidiu se voltar contra os povos indigenas do nosso país.
Que, em vez de fazer justiça demarcando as terras indigenas, no lugar onde a invasão e, a própria injustiça, começou, decidiu fazer o contrário. Em vez de fortalecer os povos e comunidades indígenas, guardiãs deste patrimônio natural e histórico-cultural brasileiro e da humanidade, decidiu por Incentivar a expansão de monocultivos, especialmente, da monocultura do eucalipto, do pasto para agropecuária extensiva e para especulação imobiliária na faixa litorânea. .

Após tanta morosidade e assistindo sua Terra, a mata atlântica e suas capoeiras  sendo substituída por pasto e eucalipto, a comunidade, suas lideranças e movimentos decidiram reagir. Em junho de 2022, um processo negociado entre as partes enredadas numa área do território ocupada por plantação  de eucalipto, culminou na realização de uma retomada, por suposto, inicialmente. Não durou muitos dias, as famílias Pataxó que passaram a levantar seus kijémi na área, foram atacadas.  De acordo com as várias denúncias feitas pelas lideranças que reivindicaram providências, junto a PF, à segurança pública do Estado,sem sucesso. 

Passados mais de dois meses de terem sido vítimas do primeiro ataque, nesta madrugada de domingo, 04 de setembro de 2022, a comunidade foi vitimada violentamente, por vários homens armados. Duas pessoas foram alvejadas durante o ataque sorrateiro, os jovens adolescentes:  Pablo Yuri da Conceição Cruz, de 14 anos e Gustavo Silva da Conceição, também de 14 anos. O Gustavo não resistiu ao tiro e faleceu no hospital. 
O clima na região é bastante tenso, com  perspectiva de aumentar, ainda mais, esta onda de violência manejada e reforçada com o auxílio de muitas fakenews, difamações do movimento indigena e, muita desinformação. Novamente, justo neste lugar e país, onde vem reinando a lei do mais forte, das forças do capital, com pleno apoio institucional da FUNAI e do presidente da república. Por todo o exposto, apelamos às autoridades responsáveis, ao governador da Bahia, Rui Costa, parlamentares, ao MPF e à Polícia Federal, providências urgentes - urgentíssimas, antes que novos assassinatos e vítimas indigenas venham fazer crescer ainda mais as estatísticas! Nós, cidadãos, cidadãs  indigenas e não indigenas, estudantes, sindicalistas, dos movimentos de luta pela terra, defensore(a)s dos direitos humanos, professores, pesquisadores, indigenistas desta região e de todo o país, irmanados(a)s por tanta tristeza diante da simultaneidade desta guerra declarada contra os Pataxó e as demais comunidades e povos indigenas da nossa região, Estado e país.                                 ADUNEB -  ADUFSB - CEPITI e Colegiado dos Cursos de Licenciatura Intercultural Indígena e Pedagogia Intercultural Indígena /UNEB - CUT e Sindicato dos Bancários do Extremo Sul da Bahia,  DCE/UNEB (DEDC.X/T. de Freitas) - MST .

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Fonte: Neuza Brizola/Bahiaextremosul/ Inf. Áthilla Borborema

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