Publicidade Davaca novo

Pedreiro teixeirense morre no ES ao despencar de obra; ele gravou vídeo antes da queda

A vítima caiu de uma altura de cerca de 15 metros.

Por Neuza em 24/03/2021 às 14:08

O pedreiro Ednaldo de Almeida Silva, de 36 anos, morreu após cair de uma altura de cerca de 15 metros na obra de um prédio localizado na Rua Augusto Clóvis dos Santos, no bairro Alvorada, na Grande Vitória. O acidente ocorreu no começo da tarde desta quinta-feira, 23 de março, e, além dele, outro trabalhador da obra também se acidentou gravemente.

O irmão de Ednaldo, o também pedreiro Adelson, contou que o irmão estava trabalhando na construção há cerca de 15 dias e que havia mandado para ele um vídeo feito cerca de 17 minutos antes da queda. Ednaldo e o colega de trabalho estavam no quarto andar quando ocorreu o acidente fatal.

“Se você verem, meu irmão e o outro pedreiro não estavam de capacete, não havia um andaime para eles trabalharem, nem mesmo uma corda na cintura. Eu já tinha falado com ele para pelo menos passar uma corda para se proteger. A gente é meio ‘cabeça-dura’ e teimoso, mas quem contrata tem que fornecer os equipamentos de segurança. Nada foi dado e nunca foi exigido que eles usassem. Por conta disto meu irmão caiu e morreu”, explicou Adelson.

Segundo o familiar, Ednaldo enviou o vídeo às 12h43 e 17 minutos depois, perto das 13h, ele e o outro pedreiro caíram. Os trabalhadores estavam em uma parte nos fundos da obra, em uma área estreita e bastante alta. Adelson contou que o irmão morreu no momento da queda.

“No vídeo que ele me enviou dá para ver que a obra estava repleto de material jogado pelo terreno. Ali tinha pedra, pedaço de madeira com prego, entulho e tudo mais. Meu irmão bateu com a parte lateral da cabeça em uma pedra e morreu na hora. Já o colega dele também se machucou muito e foi socorrido em estado grave. Eu não o conhecia e não sei o nome dele, apenas sei que foi levado com urgência para o hospital”, detalhou.

Assim como Adelson, Ednaldo é natural da cidade de Teixeira de Freitas, na Bahia, e trabalhava e era experiente na profissão. O baiano tinha cerca de 14 anos de profissão e já trabalhou em empresas do ramo, mas nos últimos tempos exercia o ofício por conta própria.

Na manhã desta quarta-feira (24), os familiares estiveram no Departamento Médico Legal, em Vitória, para realizarem o reconhecimento de Ednaldo e providenciar o sepultamento no Cemitério de Santa Inês, também em Vila Velha.

Ainda consternado com a perda precoce do irmão de vida e profissão, Adelson buscas por respostas do contratante e deixou claro que vai abandonar o ofício de pedreiro.

“O pior de tudo é não saber sequer quem é o dono da obra. Nem sequer recebi uma ligação do responsável, nem sei quem ele é. Ninguém soube nos informar. Eu só queria saber quem ele é para poder cobrar porque ele não forneceu os epi’s e exigiu que meu irmão usasse. É muito difícil perder um familiar assim. Depois que resolver isto, vou mudar de profissão. É muito perigoso, é uma constante trabalhar sem segurança, pois ninguém fiscaliza”, lamentou o pedreiro.

Adelson contou que Ednaldo era juntado já há muitos anos, morava em Vila Velha e tinha um filho de 10 anos.

A reportagem de A Gazeta entrou em contato com a Prefeitura de Vila Velha para saber se a obra tinha alvará de execução e engenheiro responsável pela mesma, mas até a publicação desta matéria não houve resposta. Já o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo, informou, por meio da assessoria de imprensa, que uma vistoria técnica e fiscal será feita no local ainda nesta quarta-feira (24), a partir de meio-dia.

“Equipes de fiscais e especialistas do Conselho estarão no local para verificar registros de projetos, responsabilidade técnica e checar se os trabalhadores da construção faziam uso de equipamentos de proteção individual. A instituição continua na sua missão educativa, orientativa e punitiva alertando para que obras e serviços de Engenharia, Agronomia e Geociências sejam realizados por empresas e profissionais legalmente habilitados”, disse o Crea-ES em nota.

Fonte: A Gazeta

Tags:   Acidente de trabalho
publicidade