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Pais e amigos de aluno eletrocutado fazem passeata e pedem justiça, em Itanhém

Protesto itanhém

Por Neuza em 03/11/2016 às 20:11

Pais, familiares, amigos e colegas do jovem Flávio Ramon  Jardim de 15 anos, que morreu eletrocutado na manhã do dia 27 de outubro, na escola São Bernardo  em Itanhém- BA, saíram em passeata pelas  ruas e avenidas da cidade para protestar pela morte do estudante e para reivindicar justiça e mais segurança nas escolas.

A manifestação começou ás 07 horas da manhã em frente o portão da escola. Com camisas e cartazes com frases de efeito, familiares, alunos e alguns professores, percorreram  as ruas em direção a Secretaria de Educação.  A secretária  Lucineide Gonçalves saiu para receber os manifestantes, fez um discurso de solidariedade aos familiares e falou que nunca recebeu qualquer solicitação de  conserto elétrico na escola. Depois a secretaria respondeu perguntas feitas pelos estudantes.

A diretora da escola que está á frene da pasta a menos de quatro meses, falou que a direção da escola havia convocado uma psicóloga para conversar com os alunos no retorno ás aulas, desse que Flavio morreu ás aulas foram suspensas, mais os alunos decidiram só voltar ás aulas depois que a escola for vistoriada por profissional, engenheiro civil e elétrico.

Os manifestantes  seguiram para a prefeitura, a princípio o prefeito Milton Ferreira, “Bentivi” foi até os manifestantes e fez uso do microfone, voltou a se solidarizar com a família e depois os recebeu em seu gabinete junto com uma comissão de alunos.

Bemtivi ouviu o desabafo da mãe de Flávio e dos tios e de alguns estudantes que reivindicaram melhorias na escola. Bentivi disse que  a parte elétrica havia sido consertada, mais como os alunos pediram um laudo feito por um profissional elétrico, o prefeito ligou para alguns profissionais e solicitou que o trabalho fosse feito antes das aulas recomeçarem.

Kemelly, de 13 anos, uma das principais organizadora do movimento falou que a atitude dela em promover a manifestação teve um motivo “ eu me coloquei no lugar da mãe dele e também fiquei com trauma de vir para a escola, por isso resolvi fazer a manifestação, talvez assim eles ouvem a gente e dá um jeito na escola, sei que ainda sou uma criança, mas imagino o dor de uma mãe que perdeu um filho” disse Kemelly.

Islene, mãe de Flávio, chorando muito disse que ainda não d´para aceitar que seu filho tenha partido tão cedo “fica difícil aceitar que meu filho perdeu a vida dentro da escola, um lugar onde os pais ficam tranquilos sabendo que o filho está na escola, eu ainda não estou acreditando, mais deus vai me dar forças e eu vou lutar por justiça e para que outros alunos não venham a perder a vida como meu filho perdeu” disse a mãe de Flávio.

Mesmo estando a milhares de quilômetros de distância e com o coração dilacerado pela perda do filho, o pai de Flávio fez questão de enviar uma nota falando da sua tristeza e fazendo um apelo para pais e autoridades cuidarem mais da escola que o filho estuda para que no futuro não venha a sofrer a mesma dor que ele está sentindo neste momento com a morte do seu primogênito.

A dor de um pai  


Na manhã de vinte e sete de outubro de 2016, o meu jardim que foi sempre bonito, florido e alegre, tornou-se coberto de tristeza, devido a perda do meu filho Flávio Ramon Costa Jardim, garoto com 15 anos de idade, cheio de vida e de sonhos.
Com a esperança de que “ o sonho que se sonha juntos torna-se realidade” sonhávamos, planejávamos uma vida juntos aqui nos Estados Unidos.
Ele como todo “menino sonhador”, planejava sua primeira viagem internacional, cheio de expectativas em conhecer sua irmanzinha Kiera, a Disney, entre tantos outros lugares por onde iríamos  realizar passeios interessantes. Eu já organizava a sua documentação e sonhava em tê-lo pertinho de mim para construirmos uma parceria, uma vida juntos neste país, a qual, teríamos a oportunidade de uma convivência maior, pois, só estávamos aguardando a idade propícia para compartilhar a sua companhia, assim como sua mãe a usufruiu.
Recordo que todas às vezes em que chegava ao Brasil, e percorria as ruas da cidade de Itanhém, pessoas das mais variadas idades ao me encontrar, só pronunciavam elogios a sua pessoa: _ “Junior, aquele seu filho, é um garoto sorridente, de coração puro, bem criado, disciplinado, bem comportado, querido por todos, menino que irradia boas energias e alegra o ambiente”. Eu sentia prazer em escutar tais palavras e me orgulhava em ser seu pai.
Ah! Meu filho, sabemos que o tempo de Deus não conta como o nosso, que tudo pertence ao Pai e que a sua sabedoria é infinita. A nossa é claro, é limitada. No entanto, com toda a minha ignorância diante do Senhor, sou capaz de compreender que a vida é o sopro de Deus em nós e que ao se retirar, nos transformamos a um “vaso de argila” e nos tornamos pó.
Infelizmente, só não sou capaz de entender meu filho, como a vida do ser humano não tem valor no Brasil. Reina a filosofia de que TUDO se resolve com “jeitinho”. A negligência, o descaso, a omissão dos responsáveis pelas instituições de ensino é algo inexplicável. O que era para ser um local seguro, representa-se uma fonte ao perigo.
Já que tudo neste país funciona com “jeitinho” quero ver vocês, responsáveis por esta fatalidade, darem “jeitinho”na vida do meu filho. E não venham me dizer que foi um acidente,  porque um fato só se caracteriza como acidente quando algo de errado acontece em um local onde tudo funciona adequadamente. Caso contrário, é desleixo, é irresponsabilidade das pessoas destinadas ao cargo.
É consequência dessa falta de segurança e respeito à vida humana que ocasionou essa fatalidade e o meu filho foi morar no céu. Nossos sonhos foram interrompidos! Tanto tempo aguardando o momento de estarmos mais próximo e em questão de segundos a vida dele se foi.
Tirou-lhe a oportunidade de brincar com sua irmã, Kiera com apenas 9 anos de idade, e ainda levou consigo uma parte de mim, deixando saudades e um vazio incalculável. Já não sou o mesmo homem de antes!
Vou sentir falta das brincadeiras, das nossas conversas pelo FaceTime e da expectativa em vê-lo, desde o momento em que me preparava para visitar o Brasil. O sonho acabou! Acabou!...
Por isso, é com muita dor no coração que faço um pedido aos pais e/ou responsáveis por uma criança no Brasil. Ao ingressar seu filho em uma escola, seja ela privada ou pública, não se preocupe com o PEDAGÓGICO, e sim com a ESTRUTURA FÍSICA do prédio. Aprendizado se consegue em outras esferas da vida; tragédia põe fim a vida do seu filho. Abraços e condolências não vão aliviar a sua dor.
Por isso, não aceitem irregularidades, descasos, desleixos, falta de cuidado, de zelo e incompetência dos gestores. Não sejam omissos ao perigo. Fiscalizem, denunciem, chamem a imprensa, se necessário.
Exijam que tudo funcione regularmente, se tudo estiver legal e por ventura, vier acontecer algo, poderá ser um acidente ou motivo de uma força maior, caso contrario, é negligência por parte dos responsáveis do órgão.
Escola é lugar de proteção e não de tragédia. Infelizmente, por eu está tão distante e acreditar que o dever de toda instituição de ensino é oferecer um ambiente digno às criança não tive este olhar atento.
Vigie para que a dor que sinto hoje não seja a sua amanhã. O maior presente de Deus é a vida.
E você meu filho, descanse em paz! Breve encontraremos junto ao Pai.
      Lourival Jardim Junior.

Fonte: Neuza Brizola/Portaldoextremosul

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