Ter filhos não é sonho exclusivo de milhares de mulheres – muitos homens compartilham desse desejo. No entanto, muitos deles convivem com a infertilidade masculina e com outras questões de saúde que podem impedi-los na realização de vivenciar a paternidade. Neste mês de Novembro Azul, campanha que completa 10 anos no Brasil e de prevenção ao câncer de próstata, evoluiu para abordar a saúde integral do homem, nada mais relevante do que alertá-los sobre os cuidados básicos com si mesmos.
Pesquisa encomendada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, que lidera a campanha do Novembro Azul, mostrou que 62% dos brasileiros só procuram um serviço de saúde quando os sintomas estão insuportáveis. No caso do câncer de próstata, mais de 65 mil homens foram diagnosticados com tumor em 2020 e cerca de 16 mil morreram em 2019 por causa da doença, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Manter em dia a saúde do sistema reprodutor masculino é de fundamental importância para o bem-estar em geral e para aqueles que querem ter filhos. Segundo o médico Marcos Sampaio, existem diversos fatores que podem influenciar na fertilidade do homem. “Pacientes com câncer testicular que foram tratados com quimio ou radioterapia, cirurgia retroperitoneal, ou a combinação dessas técnicas podem levar até cinco anos para produzir espermatozoides normalmente. Aqueles que tiveram viremia ou bacteremia podem apresentar disfunção testicular temporária; os que têm história familiar de diabetes mellitus, uma vez que a diabete pode levar à ejaculação retrógrada ou à ausência da emissão seminal; e quem já apresentou enfermidades como varicocele; epididimite; uretrite; orquite; prostatite; torção ou algum tipo de trauma nos testículos”, enumera.
Alguns fatores também podem estar associados à infertilidade masculina e, se diagnosticados e tratados, podem representar sucesso nas tentativas de ter filhos: tabagismo; alcoolismo; uso de drogas; sedentarismo; condições sistêmicas, como diabetes e câncer e seus tratamentos, também podem prejudicar a produção de espermatozoides pelo testículo; exposição ocupacional a gonodotoxinas como pesticidas; exposição ao cádmio, chumbo e manganês; entre outros. Quase sempre existe a possibilidade de realizar o sonho de ser pai às vezes melhorando a qualidade seminal como citado acima ou pelas técnicas de reprodução assistida.
Prevenir é o melhor tratamento - Na visão de Marcos Sampaio, a realização de um cuidadoso exame geral da saúde do homem é sempre recomendada, ao menos uma vez a cada 12 meses – com a verificação dos níveis de glicose (açúcar no sangue), dislipidemias (gordura no sangue), marcadores que verificam as condições do fígado e rins; e um eletrocardiograma para verificar as condições do coração. “Mais especificamente para o sistema reprodutor masculino, os exames do nível de PSA e um bom exame clínico do pênis e da bolsa testicular são essenciais”, aponta o médico.
Soma-se a esta lista, no caso de investigação aprofundada de infertilidade, os níveis de sêmen e espermatozoides, por meio de um exame chamado espermograma. Também podem ser solicitados o exame de doppler dos testículos e a dosagem dos hormônios: FSH, LH, TSH, T4 livre, prolactina, SDHEA, DHEA, SHBG, testosterona total e livre, estradiol e índice de androgênios livres.