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Moradores do distrito de Barcelona, em Caravelas, no extremo sul da Bahia, vivem uma situação crítica de desabastecimento de água. Há semanas, famílias enfrentam dificuldades para realizar tarefas básicas, como tomar banho, lavar roupas e cozinhar. O problema, segundo eles, é recorrente e se agrava durante o verão, sem que a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) apresente uma solução definitiva.

“A gente chega do trabalho por volta das sete da noite e não tem um pingo de água. É desumano”, relata um morador.

Rotina de escassez e improviso
De acordo com os relatos, a água mal chega às casas e não sobe para as caixas d’água. Quando aparece, o volume é insuficiente e a qualidade, ruim. Muitos moradores afirmam que precisam improvisar sistemas com bombas e reservatórios para conseguir armazenar o mínimo possível. A crreche e as escolas suspenderam as aulas por falta de água, o que gera mais um transtorno para as mães que precisam trabalhar e não tem onde deixar seus filhos.

“Coloquei uma bomba e uma caixa d’água, mas mesmo assim o trem não tá bonito não”, diz outro morador, que tenta driblar o problema com recursos próprios.

O uso de mangueiras improvisadas também tem sido comum em comércios locais, especialmente restaurantes e churrascarias, que estão entre os mais prejudicados.

“Não tem como trabalhar assim. Tenho que deixar os pratos sujos, esperando a boa vontade da água chegar”, desabafa o dono de uma churrascaria, que cogita fechar o estabelecimento.

Sistema insuficiente e cobrança abusiva
Os moradores reclamam que o sistema de bombeamento da Embasa é fraco, incapaz de atender à demanda crescente da comunidade. Apesar disso, as contas continuam chegando — e, em alguns casos, com valores considerados abusivos.

Em um vídeo compartilhado por moradores, uma conta de R$ 249,27 emitida pela Embasa mostra cobranças referentes ao mês de setembro de 2025, além de débitos antigos entre 2018 e 2024. O documento está em nome de Elizabeth Jose da Costa Vaz, moradora da Rua Florisvaldo Nunes, nº 24.

Enquanto exibe o filete de água suja que cai em um balde, o morador questiona:

“Querem cobrar caro por isso aqui? A gente paga por um serviço que simplesmente não existe.”

Falta de resposta e sentimento de abandono
A população afirma que já fez diversas reclamações à Embasa, mas não recebeu retorno ou medidas concretas. O sentimento é de revolta e abandono.

“Toda época de calor é a mesma coisa. A gente reclama, e a Embasa não faz nada”, diz uma moradora.

Sem perspectivas de melhora, os moradores pedem intervenção urgente das autoridades e uma solução definitiva para o problema.

“A gente não quer luxo, só quer o básico: abrir a torneira e ter água”, resume outra residente.

Soluções Improvisadas e Custos Elevados

Para mitigar a situação, os moradores têm recorrido a medidas paliativas e custosas.

·         Improvisação de Sistemas: Um morador relatou a adaptação de um sistema com bomba e caixa d'água para conseguir que a água suba, já que "o trem não tá bonito, não".

·         Uso de Mangueiras: Outra pessoa detalhou o uso de uma mangueira para lavar pratos dentro de sua churrascaria.

·         Problema na Infraestrutura: Há uma reclamação de que a bomba de abastecimento é "fraca", incapaz de bombear a água para a população.

Cobrança e Serviço Inadequado

Em meio ao desabastecimento, uma conta da EMBASA foi apresentada em vídeo, mostrando um valor total de R$ 249,27, referente ao período de 09/2025.

Apesar do valor cobrado, o vídeo mostra um fluxo de água mínimo, caindo em um balde através de uma mangueira, e a imagem de uma pequena quantidade de água suja em uma caixa d'água, para "dizer que é mentira" a situação de escassez e má qualidade. O morador que apresenta o vídeo questiona o valor da conta diante da qualidade e da disponibilidade do serviço.

Enquanto isso, a comunidade de Barcelona segue improvisando para sobreviver — e cobrando respeito e dignidade de um serviço que deveria ser essencial.