Um jovem de 21 anos identificado como Taylon Sousa teve o polegar da mão direita amputado após a explosão de um artefato durante uma "guerra de espadas", na noite deste domingo (22) em Cruz das Almas, município do Recôncavo baiano. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde nesta segunda-feira (23).
O momento do acidente foi registrado em vídeo e divulgado nas redes sociais. As imagens mostram Taylon com uma "espada" na mão, que explode segundos depois, fazendo com que o jovem saia correndo em desespero. A cena gerou grande comoção na internet.
Após o acidente, ele foi socorrido por moradores da região e levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) local. Devido à gravidade do ferimento, foi rapidamente transferido para o Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador, onde passou por atendimento especializado.
Mesmo após a lesão, Taylon gravou um vídeo para tranquilizar familiares e amigos:
"Galera, como todos sabem, teve esse acontecido comigo, mas graças a Deus eu estou bem", declarou o jovem, com a mão enfaixada.
Foto: Reprodução/Redes Sociais
Guerra de Espadas: Tradição, risco e polêmica
A "guerra de espadas" é uma tradição centenária que ocorre durante os festejos juninos em cidades do interior da Bahia, especialmente em Cruz das Almas. As ruas se transformam em verdadeiros "campos de batalha", onde espadeiros acendem artefatos e duelam com fogo e explosões.
Contudo, o evento divide opiniões. Enquanto muitos veem como uma manifestação cultural, outros alertam para os riscos graves à saúde e à segurança pública.
As "espadas" são versões mais potentes dos buscapés, feitas artesanalmente com bambu, pólvora e limalha de ferro — uma combinação altamente explosiva. Muitas vezes, sua produção é feita de forma improvisada, em barracões clandestinos ou depósitos mal equipados, o que aumenta o risco de acidentes.
Desde 2017, a fabricação, posse e uso de espadas é considerada crime, com penas que podem chegar a seis anos de prisão, conforme a legislação vigente. Ainda assim, a prática segue ocorrendo em algumas cidades, com apoio de parte da população local que defende a manutenção da tradição.
O Corpo de Bombeiros e autoridades de saúde reforçam os alertas quanto aos perigos da prática, destacando que casos como o de Taylon Sousa não são isolados e podem, inclusive, ter desfechos fatais.