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Ibama ignora técnicos e libera petróleo perto de Abrolhos

Presidente do órgão contrariou recomendações da equipe do próprio órgão.

Por Neuza em 08/04/2019 às 08:17

BRASÍLIA - O presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, decidiu ignorar recomendações técnicas feitas pela equipe do próprio órgão de fiscalização ambiental e autorizar o leilão de sete blocos de petróleo localizados em regiões de alta sensibilidade em áreas que incluem o pré-sal. 

Ao Estado, o presidente do Ibama negou ter ignorado as recomendações sobre o risco de vazamento de óleo em uma das regiões de maior biodiversidade do oceano Atlântico. De acordo com ele, as regras do leilão previsto para outubro são as mesmas de outras áreas já licitadas. 

A reportagem, porém, teve acesso aos dois documentos: a análise técnica que recomenda a exclusão dessas áreas em licitação e o parecer em que ele rejeita as orientações. 

Imagem do arquipélago de Abrolhos, na Bahia - Foto: Agência Brasil

As sete áreas fazem parte do pacote de blocos de petróleo incluídos na 16ª Rodada de Licitações.

A área técnica do Ibama apontou que quatro blocos localizados na bacia Camamu-Almada, na Bahia, ficam na região sul do Estado, entre as cidades de Salvador e Ilhéus. Em caso de qualquer incidente com derramamento de óleo, a dispersão do material na água poderia atingir "todo o litoral sul da Bahia e a costa do Espírito Santo, incluindo todo o complexo recifal do banco de Abrolhos".

Risco para Abrolhos

O banco compreende uma área de 32 mil quilômetros quadrados de água rasa, com recifes de coral e manguezais, entre a Bahia e o Espírito Santo. Vazamentos no local atingiriam ainda, e em poucas horas, manguezais e recifes de corais, comprometendo a fauna e pesqueiros relevantes da região para pesca artesanal. Na região está o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, onde ocorrem espécies endêmicas. Aves, tartarugas e baleias também habitam o local.

No caso de outros três blocos localizados nas bacias de Jacuípe e Sergipe-Alagoas, os técnicos alertaram que as áreas ainda são alvo de um estudo de Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS), que ainda não foi concluído. A orientação era de que se aguardasse esse detalhamento para então levar as áreas a leilão. Bim, porém, decidiu que a falta dos estudos "não se configura como fundamento técnico para a negativa de se levar blocos a leilão".

Ao Estado, Bim argumentou que há normas que dispensam a necessidade de conclusão desses estudos. "O meu despacho é expresso no acatamento das indicações técnicas da equipe quando do licenciamento ambiental", afirmou.

Ao todo, a rodada prevê a oferta de 36 blocos nas bacias marítimas de Pernambuco-Paraíba, Jacuípe, Camamu-Almada, Campos e Santos, totalizando 29,3 mil quilômetros quadrados de área.

Conforme apurou o Estado, a decisão de Eduardo Bim de não seguir o parecer técnico do Ibama ocorreu após o órgão ser questionado diretamente pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), que cobrou a autorização para que todos possam ser leiloados.

Fonte: André Borges

Tags:   Petróleo liberado Abrolhos Ibama
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