ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MUTUÁRIOS REGISTRA TENDÊNCIA DE RESCISÃO CONTRATUAL ENTRE COMPRADORES E CONSTRUTORAS
Quem entrou na última segunda-feira em uma Agência da Caixa Econômica Federal para realizar o sonho da casa própria, deixou o sonho para depois, evitando pagar mais caro pelo financiamento.
O trabalhador que pensa em adquirir a casa própria neste momento, com renda superior a R$5.400,00 pagará mais caro pelo financiamento. A CEF majorou a taxa de juros anuais nos contratos habitacionais regidos pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo).
O presidente da Associação Nacional dos Mutuários, Marcelo Augusto Luz, ao se referir sobre as novas taxas de juros que passaram a vigorar na última segunda-feira, para o financiamento imobiliário da Caixa Econômica Federal vê com preocupação o impacto negativo para os adquirentes da casa própria: "principalmente aqueles que já fizeram contrato com as construtoras e necessitarem de financiamento do banco, para esses as novas regras dos juros adotadas pela CEF, terão um impacto ainda maior, com o aumento da prestação e saldo devedor do financiamento".
"Com a inflação seguida desse aumento de juros corrigido pela TR (Taxa Referencial), a ANM já registra a procura de mutuários querendo fazer o DISTRATO comercial com as construtoras e prevê um aumento nas rescisões contratuais nos próximos meses". Afirma o porta-voz da entidade ao esclarecer que ao encerrar o acordo comercial com a construtora, o contratante tem direito de 90% da devolução do que foi pago, isso entrando com uma ação em JUÍZO, pois de forma administrativa a proposta das construtoras na devolução não ultrapassa aos 30% de devolução.
CENÁRIO:
As novas taxas para os financiamentos habitacionais foram anunciadas pela Caixa no último dia 15. Nos financiamentos do SFH, os juros variavam entre 8% e 9,15% ao ano e agora ficarão entre 8,5% e 9,15%. Nas operações do SFH, as taxas passarão de 8,8% a 9,2% ao ano para 10,2% a 11%. O banco justificou o reajuste com base no aumento da taxa Selic (juros básicos da economia), que passaram de 10% para 11,75% ao ano, em 2014.
No caso de um imóvel de R$600 mil financiados em 360 meses pelo SFI, a diferença nas prestações mensais pode chegar a quase R$700, e o total pago pelo imóvel aumenta de R$1.756.667,42 para R$2.004.962,40. Os juros desta modalidade subiram de 9,10% para 10,70% ao ano e ataxa média cobrada por bancos está acima de 9%.
A taxa média de juros para financiamento imobiliário cobrado pelos bancos privados e públicos no país está acima 9%, segundo o último relatório do Banco Central sobre operações de crédito.
Segundo o BC, a taxa média ficou em 9,23% ao ano, em novembro de 2014, ante a taxa média de 8,84% registrada no mesmo mês de 2013.