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Dia Internacional da Mulher, o que temos para comemorar?

Por Neuza em 07/03/2018 às 20:02


Comemorado no dia 08 de março, o Dia Internacional da Mulher era para celebrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres ao longo dos anos, mais o que se vê nos dias atuais, são mulheres sendo mortas e estupradas por seus companheiros em um nível crescente cada vez mais assustador.

Ao invés de flores, bombons, presentes e carinhos, as mulheres a meu ver, não se tem muito o que comemorar. O mundo evoluiu, a internet chegou e uniu o mundo de ponta a ponta na velocidade da luz, leis foram criadas, como a Maria da Penha e a do Feminicídio, mas nada disso parece conter a violência desenfreada contra a mulher.

Foi o que aconteceu na noite desta segunda feira, 05 de março em Itabatã, quando Silvana dos Santos Perdão, de 34 anos,  foi morta com 23 facadas dentro de sua casa. Silvana era de Itabatã mais nos últimos anos trabalhava na Itália e estava na sua cidade natal de férias.

O caso de Silvana é apenas mais um crime nas estatísticas envolvendo mulheres e crianças, algumas vítimas de mortes violentas, outras de estupros, muitas vezes por pessoas da própria família. No Brasil ocupamos o 5º lugar de maior violência doméstica e de homicídios do mundo. E algumas ainda se punem, por se sentirem culpadas, mesmo que claramente sejam vítimas.

Leis específicas de combate à violência contra a mulher, no Brasil, ainda não representam garantia de punição aos agressores, tampouco de políticas públicas efetivas e preventivas quanto a esses casos na área de segurança, a afirmação é da Ong Human Rights Watch, durante apresentação de relatório anual apresentado em 18 de janeiro em São Paulo, uma das principais vozes na defesa dos direitos humanos no mundo.

Na visão do pesquisador sênior e coordenador do relatório da entidade no Brasil, César Muñoz, ainda são altos os números de mulheres mortas em razão de gênero. “A morte de tantas mulheres é uma verdadeira derrota para o Brasil, uma vez que grande parte desses casos poderia ter sido evitados” disse o pesquisador.

Muñoz exaltou como resposta positiva do Estado brasileiro a Lei Maria da Penha, mesmo assim, o índice de mulheres mortas a cada ano é muito alto e a Lei ainda carece de implementação ou de efetividade na aplicação. Em 2016, ano do levantamento, 4600 mulheres foram assassinadas no Brasil por razões atreladas à própria condição de serem mulheres.

A luta das mulheres por melhores condições de vida e trabalho começou a partir do final do século XIX, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de 15 horas diárias e a discriminação de gênero eram alguns dos pontos que eram debatidos pelas manifestantes da época.

De acordo com registros históricos, o primeiro Dia da Mulher foi celebrado nos Estados Unidos em maio de 1908 (Dia Nacional da Mulher), onde mais de 1.500 mulheres se uniram em prol da igualdade política e econômica no país, mais foi só em 1921 que a data passou a ser oficialmente comemorada.

Quase 100 anos depois, ainda temos pouco a comemorar, desigualdade no trabalho, salários abaixo do salário do homem e discriminação, são alguns fatores ainda vividos pela mulher atual. Com uma taxa de 4,8 assassinatos em 100 mil mulheres, o Brasil está entre os países com maior índice de homicídios femininos: ocupa a quinta posição em um ranking de 83 nações, segundo dados do Mapa da Violência 2015 (Cebela/Flacso).

O Mapa da Violência 2015 (Cebela/Flacso) é uma referência sobre o tema e revelou que, entre 1980 e 2013, 106.093 brasileiras foram vítimas de assassinato. Somente em 2013, foram 4.762 assassinatos de mulheres registrados no Brasil – ou seja, aproximadamente 13 homicídios femininos diários. Ai fica a pergunta “O que temos para comemorar?”

Fonte: Neuza Brizola

Tags:   Brasil 08 de março comemorar mulher
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