Moradores de ibirapuã, no extremo sul da Bahia, percorreram as principais ruas e avenidas da cidade na manhã desta sexta-feira, 31 de agosto, em protesto a expansão do plantio de eucalipto no município.
Como já havíamos noticiado aqui, os moradores são contra a expansão do plantio de eucalipto na região. Segundo eles, já existe uma área de 15% plantada e se o plantio aumentar as consequências serão desastrosas, tanto para o meio ambiente como para a economia local.
Participaram da caminhada, secretários, vereadores, representantes de sindicatos, representantes de comunidades quilombolas, professores, estudantes e moradores em geral.
Com o grito “Deserto verde não”, a passeata segui pelas principais ruas da cidade e parou na Praça da Rodoviária, onde os líderes do movimento usaram a palavra para expressar porque são contra o plantio de eucalipto.
Agropecuária e pecuária fortes, são as principais bases da economia local. O leite e o gado de corte, bem como a plantação de cana de açúcar e outras culturas garantem emprego e renda que a cidade precisa para continuar se desenvolvendo, e o plantio de eucalipto não gera nem emprego nem renda, segundo os manifestantes.
Todos foram unanimes em dizer que são contra a expansão do plantio de eucalipto porque gera desemprego. Quando o pequeno produtor vende sua terra e vem para a cidade aumenta o êxodo rural, e sem especialização, aumenta as estatísticas do desemprego, disse o secretário Vinícius Chácara.
“Estamos há mais de 20 anos lutando contra a expansão do eucalipto em Ibirapuã, hoje queremos mais carne, mais leite, mais pecuária e mais agricultura familiar” disse Antônio Pinho, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Ibirapuã.
Pedro Rocha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ibirapuã, disse que “Ibirapuã não precisa de uma cultura só, precisa de várias culturas. “Não temos nada contra o cultivo do eucalipto, mas, Ibirapuã precisa diversificar, porque não é só o eucalipto, temos a pecuária, que gera leite, gera centenas de empregos, temos a Agro Unione, empresa que gera vários empregos, e outras empresas, agricultura familiar”, finalizou.
“O eucalipto está expulsando o pequeno produtor da zona rural para a cidade, não dá condição para o pequeno produtor sobreviver” disse Genivaldo Pires, representante da Associação de Moradores de Ibirapuã.
Marcos, presidente do Sindicato do Trabalhador Rural, disse não concordar com a expansão do eucalipto e explicou porque “70% do país é sustentado pela agricultura familiar, se aumentar o plantio de eucalipto vai excluir o pequeno produtor do campo e a agricultura é a base econômica do Brasil e a monocultura do eucalipto só veio para degradar o meio ambiente e acabar com nossa água”, enfatizou Marcos.
Ronaldo Bandeira, professor “A expansão do eucalipto não traz nenhum benefício para Ibirapuã, ao contrário, só traz malefício. O eucalipto é um problema grave que nós enfrentamos porque já temos a quantia necessária plantada, não precisamos de mais um pé de árvore de eucalipto. Precisamos fortalecer a agricultura familiar, o homem do campo, o leite, a carne e a alimentação”.
A ex vereadora e autora da lei que delimita o plantio de eucalipto no município, a professora Elizabeth Rocha, a popular “Beta”, foi enfática em dizer “nossa luta continua, nossa luta não para, não aceitamos a monocultura de eucalipto aqui em Ibirapuã, nós preservamos e valorizamos a agricultura familiar e a grande quantidade de pequenos produtores que temos”.
Temos um problema muito sério de água, e o eucalipto é o grande causador disso. Além das áreas plantadas, há no município, mais de 18 mil hectares de eucalipto plantados pelas empresas de celulose, e não tem mais do que 10 funcionários, segundo o secretário Vinícius Chácara, que é completamente contra a plantio de eucalipto e alegou que as empresas devem muito a Ibirapuã na área, eles devem muito sobre isso, “o que as empresas prometeram há 20 anos na área social não cumpriram”.
“Ibirapuã precisa de diversidade, de mais empresas como a Usina de álcool, que é uma geração de emprego, a Belo Fruit, uma das maiores exportadoras de mamão do país e está aqui, a Davaca, um exemplo, diferenciada, uma das maiores empresas do Norte/Nordeste” concluiu o secretário.