Wingles Vieira, o "Boneco" (no meio) Artur Soares Couto, "Boca de CD (à direita) e João Vitor Monteiro Dutra, o "Vendita"(à esquerda), fazendo uma demonstração de Capoeira em frente a antiga estação de Helvécia.
O fotógrafo suíço-brasileiro Dom Smaz vem desde 2015 fazendo um trabalho de fotografia documental no vilarejo de Helvécia, município de Nova Viçosa, no extremo sul da Bahia, com a intenção de manter viva a história pouco conhecida do lugar.
Helvécia é um Distrito do município de Nova Viçosa, localizado na microrregião de Porto Seguro. A comunidade é o que resta de duas vastas fazendas, Helvetia I e Helvetia II, fundadas pelo imigrante Johannes Martin Flach, suíço, nascido em Schaffhausen, em 1787.
Maria da Conceição (Dona Cocota) é a pessoa mais velha da Helvécia. Ela diz que cuidou de 318 crianças durante sua vida, porque ela era enfermeira
Johannes Martin Flach tornou-se um confidente e amigo íntimo de Maria Leopoldina, que se tornou Imperatriz do Brasil ao se casar com D. Pedro, príncipe herdeiro português, em 1817. Johannes Flach recebeu as terras, que na época era, denominadas de Colônia Leopoldina. Ele às administrava a partir do Rio de Janeiro.
Esse trabalho acaba de ganhar uma exposição na Colômbia! Dez fotos de Helvécia, foram escolhidas pelo Museo Nacional de la Fotografia de Colômbia para fazer parte da 7ª edição do Encontro Internacional de Fotografia: FOTÓGRAFA BOGOTÁ!
Helvécia tem sua origem na antiga Colônia Leopoldina. Foi fundada há 200 anos atrás por imigrantes suíços e alemães. Em 1850, a exploração de 2.000 escravos africanos permitiu que os colonos produzissem uma das maiores exportações de café do Brasil. Hoje, Helvécia é lar de poucas famílias de descendência europeia. A maioria da população é de ascendência africana.
A série "Black Helvetia", de Dom Smaz, lança luz sobre esse confronto ideológico silencioso das culturas europeia e africana, onde crianças negras brincam com bonecas brancas e os evangélicos cristãos ainda consideram a cultura afro-descendente um mal.
O fotógrafo Dom Smaz trabalha com os principais meios de comunicação internacionais. Seus trabalhos sobre herança colonial, diferenças sociais, racismo e exclusão já foram exibidos na Europa, Ásia e América do Sul e já receberam vários prêmios de prestígio, incluindo o Swiss Press Photo 2018 e NY Photo Awards.
Há duzentos anos atrás o café de Helvécia chegava na Alemanha e na Suíça com o nome café de Caravelas, pois o mesmo era exportado pela linha férrea Bahia Minas. No momento da abolição da escravidão em 1850, as propriedades era uma parte importante do sistema de produção de café do país. O café constituiu 40% das exportações no Brasil, o maior produtor de café do mundo.
PS. O fotógrafo Dan Smaz é genro do casal Dori Neves e Gilda Machado Neves.