Construída no ano de 1942, pelos americanos na Segunda Guerra Mundial, a Vila dos Oficiais, servia de moradia aos oficiais das forças armadas que trabalhavam no aeroporto de Caravelas.
Com estrutura avançada para a época, a Vila dos Oficiais, continha várias casas, galpões de alojamentos, clube e até cinema, os filmes eram trazidos nos aviões pelos oficiais das forças aliadas, já que o aeroporto foi construído como apoio as forças aliadas na Segunda Guerra Mundial, Caravelas foi escolhida para construção do aeroporto por ser ponto estratégico, já que ficava situada a meio caminho da faixa litorânea entre os estados do Rio Grande do Sul e do Maranhão.
Com arquitetura militar da época, ainda é possível ver as cerâmica decoradas á mão que enfeitam a entrada das casas dos oficiais. Construída em um local rodeada por árvores frutífera e da nossa restinga, a beleza do local é coroada pelo canto dos pássaros que voam livremente entre ás árvores e enche o silêncio com seus cantos maravilhosos.
Os americanos se foram depois da guerra e doaram a vila ao governo brasileiro. O local que fica ás margens da BR 418 e distante uns 12 quilômetros da sede do município, ainda ficou habitada por alguns anos, segundo professor Chiquinho, quando o mau tempo não permitia que os aviões levantassem voos, os passageiros dormiam nos alojamentos. O tempo passou, as empresas aéreas se foram, mas a história permaneceu.
Com a construção da BR 418 pelo 11º Batalhão de Engenharia e Construção do Exército Brasileiro deAraguari-MG, a vila foi revitalizada e serviu de morada para os trabalhadores da construção, mas assim que a obra terminou e o exército deixou o local, as construções antigas que fazem parte da nossa história foram completamente destruídas.
Assim que a noticia se espalhou, moradores revoltados com a destruição do local que é considerado como Patrimônio Histórico Cultural se revoltaram e começaram a enviar fotos e vídeos para nossa redação. Fomos á Caravelas e lá chegando encontramos o local completamente destruído é como se tivesse passado um furacão pelo lugar. Telhas quebradas, madeiras destroçadas e paredes jogadas ao chão clamam por justiça.
Caminhamos pelas ruas desertas ouvindo o canto dos pássaros em uma manhã de inverno e em meio á destruição ainda é possível imaginar as algazarras dos soldados. Uma churrasqueira velha abandonada em meio ás mangueiras centenárias carregadas de frutos, um mosquiteiro velho esquecido por trás da vidraça e até um urubu em meio aos destroços de um telhado que parecia não se aguentar de tanta tristeza faz a gente se perguntar, o que será da humanidade que não preserva sua história?
Conhecida pelo orgulho de preservar suas raízes, Caravelas chora a destruição da Vila dos Oficiais e o povo pergunta? Onde estão as autoridades competentes que não tomam providência como o que está acontecendo? Onde está a administração pública e Ministério Público? De quem é a culpa. Revoltados os moradores reclamam!
Fala Povo;
Sr. Otávio- 80 anos
Eu não me lembro se as casas foram feitas pelo exercito ou pelos americanos, o aeroporto foi, mais lá no destacamento eu não tenho certeza se foi feito pelos americanos ou já pelo governo brasileiro, sei que serviu de base para a aeronáutica e agora recente o exercito ficou lá, eles reformaram e depois dessa catástrofe, agora ficou tudo destruído.
Um desastre, uma catástrofe que, mesmo se recuperar eu não acredito que vai levantar a mesma arquitetura aquelas casinhas no tipo de chalé, é muito doloroso e triste.
Escapou da guerra e agora veio uma guerra oculta que ninguém sabe quem é, se alguém sabe não quis falar ate agora, mais que é necessária uma investigação, acabou a guerra e agora vem essa guerra que mata nossa cultura, disse revoltado o Sr. Otávio.
Genaldo Vieira, empresário e grande defensor da cultura local foi ao local e gravou um vídeo onde narra a sua incredulidade diante de tanta destruição– eu cheguei nessa cidade no ano de 1974 esse aeroporto já funcionava, tinha 3 empresas aéreas, a Cruzeiro a Pané e a Nacional e lá no destacamento onde foi destruído moravam os militares e seus familiares, então vinha acompanhado ate que o aeroporto saiu a aeronáutica e passou sob o comando de outras empresas, como a Tasa e por ultimo agora outra empresa que não consigo lembrar o nome, ficou sob o comando delas, os militares foram embora e aquilo ficou lá desativado, mais tudo conservado, mais ou menos 6 há 7 anos atrás veio o exercito pra cá e eles ocuparam e fizeram toda a reforma, são casas de uma estrutura de muita segurança com tijolinho e parece que não foi nem usado cimento mais óleo de baleia, as casas não tinha nenhuma rachadura, cerâmicas antigas tudo conservado e já tinha projeto para quilo ali, o projeto já esta todo prontinho, era só dar a hora certa de colocar pra funcionar, de um centro de recuperação de dependentes químicos. A área ali é uma área maravilhosa, área grande, muitas árvores, mangueiras quase centenárias e agora lá está, aquela destruição, eu estive lá e fiquei horrorizado, me senti torturado, quando eu cheguei lá e vi aquela destruição eu fiquei louco, nem sei como voltei pra casa, quando você tem amor as coisas, porque eu amo essa cidade, respeito essa cidade e essa cidade eu chamo de minha mulata majestosa. O que Caravelas precisa é conservar o patrimônio é só isso que Caravelas precisa, concluiu Genaldo.