Ter o seu produto reconhecido e deixar claro de onde ele saiu são alguns dos benefícios de ter um selo de identificação. Neste sábado, dia 29 de abril, 17 comunidades da Bahia irão receber o Selo Quilombos do Brasil. A entrega, que é uma iniciativa da uma iniciativa da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), acontece em parceria com a Superintendência de Agricultura Familiar (Suaf) durante a 19ª Exposição Agropecuária e Feira de Negócios da Região de Irecê (Expoagri).
O Selo Quilombola está associado ao Selo de Identificação da Participação da Agricultura Familiar (Sipaf) e busca identificar os itens produzidos pelas mãos da agricultura familiar brasileira. Segundo Simone Barreto, coordenadora do Sipaf, o Selo Quilombola garante maior visualização das práticas produtivas desse público, contribuindo para a promoção dos empreendimentos identificados. “Além de eles serem agricultores familiares, a produção quilombola tem seus diferenciais, tem outros mecanismos de produção”, ressalta.
A Bahia é o estado com o maior número de permissões do Selo Quilombos no país. A política dos selos de identificação da agricultura familiar é aplicada em parceria com o governo do estado. Segundo o Marcelo Vieira Matos da Paz, superintendente da Suaf, já existem mais 1400 produtos identificados com o Sipaf no estado. “Esse selo agrega valor e ajuda na comercialização. Tem um apelo comercial muito grande. Aqui na Bahia, os produtos que têm o selo têm vantagens tributárias. Ou seja, é bom para quem produz e para quem vende, porque gera crédito”, assegura o superintendente.
O selo valoriza e dá visibilidade para o trabalho de agricultores quilombolas como Calisto da Silva, de 68 anos. Na comunidade de Salgada, ele sustenta a família com a plantação de produtos como mandioca, milho e feijão e a produção de farinha. Seu Calisto é um dos agricultores que irá receber o selo no sábado. Presidente da Associação Comunitária dos Pequenos Agricultores Rurais Remanescentes de Quilombolas de Salgada, ele tem boa expectativa. Ele vê no selo o reconhecimento do seu trabalho. “Para mim, isso significa transformação, desenvolvimento, valorização, não só do nosso produto, mas de nós também. É ótimo. Eu espero que com o selo a comunidade também se desenvolva mais”, declara o agricultor.
Simone Barreto conta que o selo traz muitos benefícios para o produtor, pois o selo agrega valor ao produto podendo ganhar mais espaço no mercado. “Você tem visibilidade, reconhecimento, diferencial competitivo dos produtos, pois a sociedade está mais sensível a esses produtos que tem um contexto cultural e social. Além disso, essa identificação também proporciona o fortalecimento da categoria”. O Selo Quilombos do Brasil foi criado no âmbito do Programa Brasil Quilombola (PBQ) e tem o objetivo de atribuir identidade cultural aos produtos com esta procedência. Para requisitá-lo, o solicitante precisa comprovar que o produto é sustentável, agrega valores étnicos e culturais, além de ser feito com matérias-primas locais.