Para celebrar os 60 anos da Colônia japonesa radicada em Teixeira de Freitas, A ACEASB (Associação Cultural Esportiva, Agrícola do Sul da Bahia) se reuniu este final de semana no Club Kaikan, para celebrar os 60 anos de colonização japonesa no Extremo Sul da Bahia.
Várias famílias japonesas e descendentes se reuniram para um festejo onde apresentaram seus costumes, cultura e a culinária entre elas a música, dança. A festa começou na manhã de sábado (11), contou com a participação das famílias japonesas e descendentes, autoridades e amigos, para celebrar a data. Imigrantes japoneses de outras colônias, a exemplo da colônia de Sorocaba, cidade que fica no interior de São Paulo, vieram especialmente para a celebração.
Comidas típicas, músicas, danças e um impressionante show de mágica, transportaram os presentes á sua terra natal. A leveza e a graça das bailarinas, a voz melodiosa dos cantores, e o traje típico, trouxeram o Japão, mesmo que por pouco tempo, para Teixeira de Freitas, e encantou a todos.
O mais antigo imigrante japonês em nossa região, o Sr Itcuru Akahori, 77 anos, residente em Teixeira de Freitas há 47 anos, e nos contou um pouco sua história.
Nós tínhamos vários tipos de Imigração... através do governo, através de cooperativa e individual. A cooperativa era chamada de grupo, pra trazer imigrante para o Brasil, e o sistema de governo também, só que, no meu caso era particular, tinha um parente meu que morava em são Paulo e queria abrir um coqueiral aqui na Bahia, ai me chamou, lembrou o Sr. Itcuru.
Segundo o Sr. Itcuro, ele chegou aqui ainda muito jovem, veio com outros imigrantes para trabalhar no plantio de coco, começaram a chegar lá pros anos de 1955, mas a força maior veio por volta dos anos 60, até 65, foi quando chegou maior numero de japonês para trabalhar na lavoura.
A lavoura de coco não deu certo. O pessoal não tinha conhecimento na terra, coco dá, só que pra produzir coco é muita despesa, porque a terra não é própria pra receber o plantio, ai mais ou menos após 10 anos, o pessoal chegou a conclusão que não ia dar certo, o sistema de plantio que o pessoal trouxe pra viver aqui, disse o Sr. Itcuru.
O Sr. Itcuru lembrou também que os japoneses diversificaram muito o plantio na região, pois a terra era boa para plantar. Com o terreno arenoso e muito sol, os agricultores só precisavam de insumos e defensivos para cultivar melão, mamão, abobora e melancia.
Muitos japoneses que vieram para o extremo sul da Bahia foram embora e segundo o senhor Tcuru, o motivo foi a doença. Segundo ele, a região é muito boa de viver, pelo clima, o terreno é fraco mais é arenoso, então esse tipo de plantio de melão, melancia, abobora, mamão é fácil de plantar, mas terreno forte a gente tem condição de controlar com adubo, veneno e irrigação. Então deu certo, e o pessoal abandonou o plantio de coco e foi embora, e quem ficou não tinha lugar pra ir, porque a maioria das pessoas que aqui chegaram foi o patrão que mandou dinheiro de São Paulo e Rio.
Imigração Japonesa- Um pouco de história
O processo de imigração japonesa no Brasil iniciou-se bem antes de 1908 e em condições pouco românticas. O Kasato Maru foi apenas o primeiro resultado de anos de discussões, impasses e negociações entre Brasil e Japão. Para entender por que a imigração ocorreu, é preciso antes entender a situação sócio-político-econômica em que se encontravam ambos os países na segunda metade do século XIX.
No século XIX a economia do Brasil era agrícola e extremamente dependente da monocultura cafeeira. A cultura do café, por sua vez, dependia totalmente da mão-de-obra de escravos negros. Em 1888, atendendo a pressões políticas e movimentos humanitários, o governo brasileiro aboliu a escravidão no país, e os senhores do café tiveram que buscar soluções para a crescente falta de mão-de-obra. Antes mesmo da abolição da escravatura, o governo brasileiro tentou suprir a falta de trabalhadores com imigrantes europeus, mas as péssimas condições de trabalho e de vida dadas pelos patrões cafeicultores, acostumados a tratar de forma sub-humana sua mão-de-obra, além de desmotivar a vinda de imigrantes fez com que alguns países, como a França e a Itália, até impedissem durante alguns anos que seus cidadãos emigrassem para o Brasil. Assim, o governo brasileiro passou a cogitar trazer imigrantes da Ásia.