Após mais de dois anos interditada devido a uma cratera aberta pelas fortes chuvas que atingiram o Extremo Sul da Bahia no final de 2022, a BR-418, no trecho que liga o distrito de Juerana, em Caravelas, à BR-101, voltou a apresentar problemas estruturais apenas quatro meses após ser liberada. A rodovia, que passou por uma reforma conduzida pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), já apresenta rachaduras e sinais de afundamento nas laterais, justamente no ponto onde antes se encontrava o grande buraco que interrompeu o tráfego por tanto tempo.
Moradores da região registraram em vídeo as novas irregularidades e alertam para o risco de que o problema volte a se agravar, especialmente com a chegada do período chuvoso. As previsões meteorológicas indicam fortes chuvas para as próximas semanas, o que aumenta a preocupação quanto à durabilidade da obra e à segurança de quem trafega pelo local. “A gente tem medo que tudo volte a acontecer. O reparo demorou anos e, agora, com poucos meses, já está cedendo de novo”, relatou um morador de Juerana.
A BR-418 foi liberada em junho de 2025, após cinco meses de interdição para obras de recuperação. Antes disso, o trecho havia se tornado símbolo do abandono e da lentidão das intervenções públicas. Em novembro de 2024, moradores de Caravelas realizaram uma inusitada “comemoração” de aniversário dos dois anos da cratera, com bolo e o tradicional “Parabéns pra Você”, em forma de protesto contra a demora na execução das obras.
Apesar da conclusão dos reparos, o novo surgimento de falhas estruturais reacende questionamentos sobre a qualidade dos serviços realizados. Técnicos da região apontam que a falta de drenagem adequada e a compactação deficiente do solo podem ter comprometido a durabilidade da recuperação, deixando o terreno vulnerável à infiltração de água e ao consequente enfraquecimento da base da pista.
Durante o período em que o trecho esteve interditado, o tráfego foi desviado por uma estrada improvisada de cerca de 11 quilômetros, que atravessa plantações de eucalipto e é utilizada também por carretas bi-trem. O desvio, segundo os moradores, apresenta ladeiras íngremes, trechos escorregadios e ausência de sinalização, aumentando os riscos de acidentes. “Se acontecer um acidente dentro desse desvio, quem vai se responsabilizar?”, questionou Joaquim Antônio, morador de Juerana. O ex-vereador Klebinho, residente no povoado de Espora Gato, também alertou para o perigo: “O desvio é precário e coloca em risco a vida das famílias que trafegam por ali”.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) recomenda aos motoristas que evitem o trecho e optem pela BR-101, passando por Teixeira de Freitas. Embora o desvio aumente o trajeto em aproximadamente 30 quilômetros, o percurso é considerado mais seguro.
A BR-418 é uma das principais vias de ligação entre o Sul da Bahia e os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, sendo rota essencial para o escoamento de produtos agrícolas e acesso às cidades turísticas de Alcobaça, Prado e Caravelas. A precariedade da estrada tem gerado prejuízos econômicos, impacto no turismo e dificuldades para os moradores que dependem da via para deslocamentos diários.
Em novembro de 2024, um acidente foi registrado no mesmo trecho crítico, quando um veículo desceu uma ribanceira após o motorista perder o controle ao passar por uma parte irregular da pista. Apesar da gravidade do ocorrido, não houve confirmação de feridos. O caso reforçou a preocupação com a segurança dos condutores e a necessidade de uma solução definitiva para o problema.
Com o reaparecimento das falhas e o início do período chuvoso, cresce o temor de que a rodovia volte a ser interditada, isolando comunidades e prejudicando o tráfego regional. A população cobra das autoridades uma fiscalização mais rigorosa e obras de qualidade que garantam a estabilidade do trecho e a segurança de todos os usuários. Enquanto isso, motoristas, viajantes e moradores seguem sendo os principais prejudicados pela instabilidade da BR-418, símbolo de descaso e ineficiência no Extremo Sul da Bahia.
