Publicidade Davaca novo

Aldeia do Cachimbo participa de projeto com artista boliviana e expõe obra no Museu de Arte Moderna da Bahia

Por Neuza em 01/08/2018 às 15:49


A Aldeia do Cachimbo, na Serra do Couro D’Anta, localizada no município de Itapetinga/BA, onde vivem índios das etnias Camacã-Imboré e Tupinambá, recebeu em julho, a artista boliviana Aruma/Sandra de Berduccy para residência artística do projeto Arte Eletrônica Indígena (AEI) que é uma iniciativa idealizada pela ONG Thydêwá com patrocínio da Oi, Oi Futuro e do Estado da Bahia. AEI conta também com o apoio da British Academy. A lista dos 12 artistas selecionados oriundos do Brasil, Reino Unido e Bolívia está disponível no site http://aei.art.br/.

No dia 02 de agosto (quinta-feira), a partir das 18h, as obras criadas desse encontro serão exibidas no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), com uma semana de atividades e oficinas dentro do Festival AEI com a presença de mais de 12 protagonistas do projeto, entre indígenas e não indígenas. Mostras itinerantes do AEI estarão acontecendo nas próprias comunidades indígenas também no mês de agosto, dentro da proposta do MAM-Expandido. Segue até o dia 2 de setembro, sempre de terça a domingo, das 13h às 18h.

Durante residência artística a boliviana Aruma/Sandra de Berduccy trabalhou em colaboração com vários indígenas da Aldeia do Cachimbo, inclusive com a artista Mangatxai Emboré Camacan que contribuiu diretamente na criação da obra “Casulo” que tem um micro controlador e um sensor de pulso que converte em luz os batimentos do coração de quem entra nele.

Para a indígena da Aldeia do Cachimbo, Mangatxai Emboré, “a experiência foi uma surpresa agradável. Aruma é uma pessoa muito amável e muito ativa, fomos buscar material muito longe, no meio do mato, e ela não teve medo. Hoje eu agradeço a Aruma pelo que desenvolvi na minha arte de artesanato, já faço artes em madeira e vestuário, mas com ela conheci a possibilidade de construir um casulo em forma de oca iluminada com fibra ótica. Com isso aprendi que nós indígenas podemos interagir com a tecnologia”.

Segundo a artista, Aruma/Sandra de Berduccy, “inicialmente, se propôs a realizar experiências simples, relacionadas a visualizar a energia e a eletricidade, que nos rodeia. Seguida de uma introdução a materiais eletrônicos e, finalmente, a criação de obras onde se combinarão conhecimentos, processos e materiais tradicionais com materiais pouco usuais como fibra ótica, micro controladores e sensores”.

“O trabalho de parceria que fizeram Aruma e Mangtxai na Aldeia do Caximbo foi uma coisa espetacular, eu tive a sorte de acompanhar por dois dias e ver o sincronismo de como se complementavam os dons, os talentos, as visões, os sentimentos das duas, construindo um tecido natural com fibra ótica e fizeram um casulo, símbolo do renascimento da transformação. Eu acho que é uma das melhores obras sem dúvida do projeto AEI, com uma profundidade e uma sensibilidade impactantes, então eu recomendo as pessoas para visitar a exposição e não deixar de visitar essa obra que é interativa, ele acende suas luzes em sintonia com o pulso e coração da pessoa que está dentro dele!”, ressalta o presidente da ONG Thydêwá,

A artista-pesquisadora explora e experimenta a relação entre natureza, processos de tecelagem tradicional - como tecnologia e fenomenologia - e diferentes linguagens das novas mídias. Criando obras em diversos formatos onde práticas ancestrais são relacionadas à energia transformada em luz e cor. Exibe individual e coletivamente desde 1991, seus trabalhos foram apresentados em várias exposições itinerantes, nacionais e internacionais.

Projeto AEI

Arte Eletrônica Indígena (AEI), um programa que promove residências artísticas dentro de comunidades indígenas, de junho a agosto dentro de nove aldeias localizadas na Bahia, Alagoas, Pernambuco e Sergipe. O AEI é um programa de vanguarda e inovação que promove a produção colaborativa e co-criada entre diferentes artistas e indígenas de diferentes povos.

Muitas das iniciativas selecionadas abordam linguagens artísticas ainda não nomeadas, expressões híbridas, fusão de suportes, e a convergência das tecnologias analógicas e digitais, potencializando a expressão da vida. As comunidades indígenas que receberam os residentes foram Karapotó

Entre os objetivos do projeto AEI estão: promover intercâmbios das expressões culturais entre artistas e indígenas, nos âmbitos da Bahia e do mundo; incentivar a inovação e o uso de novas tecnologias em processos culturais e artísticos; valorizar a diversidade artística e cultural em diálogo.

O presidente e fundador da ONG Thydêwá (www.thydewa.org), Sebastian Gerlic, destaca a relevância do projeto para a exaltação da diversidade. “Para a Thydêwá é uma alegria muito grande iniciar esse projeto pois há mais de 10 anos facilitamos essa interação entre artistas e indígenas e vice-versa, promovendo o diálogo e a co-criação, na intenção de que as mensagens produzidas através dessa diversidade de sentimentos e ações possam ser espalhadas pelo mundo. Por que justamente com esse tipo de mensagem que conseguimos superar as divergências, somar na diversidade e entender que somos todos um”.

O AEI tem uma equipe curadora internacional de sete pessoas, entre elas a

Dra. Thea Pitman da Universidade de Leeds (Reino Unido) que está também envolvida no projeto como investigadora, contando com o apoio da British Academy. Thea comenta que “o AEI é uma iniciativa emocionante, estou na expectativa da diversidade de resultados e de como eles vão atuar no Festival no MAM em agosto. Estou especialmente interessada em pesquisar de que formas a arte digital pode colaborar em expandir as mensagens indígenas e como os processos colaborativos podem enriquecer a todos os participantes”. Thea está atualmente buscando montar uma mostra do AEI no Reino Unido.

Estar entre os 34 projetos aprovados na Seleção Nacional de Projetos Culturais da Oi Futuro, reforça a seriedade e importância do trabalho que a Thydêwá vem realizando nos últimos anos em prol do fortalecimento da causa indígena. São sempre projetos inovadores, criativos e que provocam toda a equipe envolvida. No caso do AEI, provoca os artistas que farão as residências, a saírem do lugar comum e pensar de forma mais colaborativa e criativa. É um desafio e uma diversão trabalhar num projeto tão rico em criatividade e provocações, ressalta o produtor executivo do AEI, Tiago Tao.

SERVIÇO

Arte Eletrônica Indígena: um exposição interativa

Local: Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA)

Período: Abertura 2 de agosto, a partir das 18h. Segue em cartaz até 2 de setembro, sempre de terça a domingo, das 13h às 18h.

ARTISTAS SELECIONADOS NO AEI

André Anastácio e Alberto Harres – Rio de Janeiro/RJ

Bruno Barbosa Gomes – Baturité/CE

Davy Alexandrisky – Niterói/RJ

Naum Bandeira – Salvador/BA

Nicolas Salazar Sutil – Londres/Reino Unido

Oscar Octavio ‘Ukumari’ – Santa Cruz de La Sierra/Bolívia

Paulo Cesar Teles – Campinas/SP

Sandra de Berduccy – Cochabamba/Bolívia

Sheilla P. D. de Souza e Tadeu dos Santos – Maringá/PR

Fonte: Dayanne pereira

Tags:   Itapetinga exposição Aldeia do Cachimbo
publicidade