Imagens mostram o advogado com e sem o disfarce — Foto: Reprodução/TV Globo
Um crime digno de roteiro cinematográfico surpreendeu moradores de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Em 7 de fevereiro, um advogado criminalista invadiu um apart-hotel de luxo utilizando um elaborado disfarce: terno, luvas, óculos escuros e uma máscara hiper-realista que o fazia parecer careca. O objetivo era furtar pertences de um morador sem levantar suspeitas — e, por algum tempo, conseguiu.
De acordo com a Polícia Civil, o autor da ação é o advogado Luís Maurício Martins Galda. Ele teria comprado a máscara por cerca de R$ 1,8 mil em uma plataforma de comércio internacional. Após o crime, confessou ter destruído a máscara em pedaços e descartado o material no lixo orgânico do prédio para eliminar evidências.
As câmeras de segurança registraram o disfarçado circulando por áreas restritas do prédio com um celular no ouvido, simulando uma ligação. Ele arrombou a porta do apartamento-alvo e furtou oito relógios de alto valor, estimados em R$ 80 mil. A ação durou aproximadamente 18 minutos.
Em depoimento, Galda contou que, após o crime, apagou sua conta na plataforma de compras e deletou todos os e-mails relacionados à aquisição da máscara, numa tentativa de apagar vestígios digitais. A polícia, porém, chegou até ele e cumpriu um mandado de busca em sua residência na semana passada.
Durante o cumprimento do mandado, Galda apontou um possível mandante do crime: Alexandre Ceotto André, ex-subsecretário do governo estadual e candidato a vice-prefeito de Niterói em 2020 pelo PSL. Ele também ocupou cargos no Instituto Rio Metrópole até novembro de 2023.
Ceotto se tornou alvo das investigações e, na manhã desta terça-feira (13), teve mandado de prisão expedido pela Justiça após buscas em sua residência. Até às 16h30, ele não havia sido localizado. A polícia afirma que Alexandre forneceu ao executor a planta do imóvel e detalhes sobre a rotina da vítima.
Máscaras realistas: uso pode configurar crime
A venda de máscaras realistas não é ilegal no Brasil. Contudo, autoridades policiais destacam que seu uso pode ser considerado crime caso esteja relacionado a práticas ilícitas. Em casos como este, o disfarce pode ser enquadrado em crimes como roubo qualificado, falsidade ideológica e até estelionato, dependendo da conduta envolvida.
Além disso, a importação desses produtos pode ser monitorada pela Receita Federal e Polícia Federal, principalmente quando houver indícios de uso para fins criminosos.
A defesa de Luís Maurício Galda informou que ele está colaborando com as investigações e pretende continuar prestando esclarecimentos. Os autos do processo seguem sob sigilo parcial.