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20% dos pacientes com câncer morrem por desnutrição, diz estudo

Por Neuza em 25/09/2014 às 08:28

Falta de suporte nutricional na rede pública de saúde prejudica recuperação e reduz a resistência do paciente para enfrentar as reações adversas do tratamento oncológico

A desnutrição atinge entre 30% e 80% dos pacientes com câncer. O percentual varia de acordo com o tipo de tumor, conforme diversos estudos nacionais e internacionais, mas em todos os casos o risco é muito semelhante: a desnutrição dificulta o tratamento e atrapalha a recuperação do paciente após sessões de quimioterapia ou cirurgias. "De cada 5 pacientes internados com câncer um morre por desnutrição", afirma o Dr. Robson Moura, presidente da SBNPE - Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral e presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia.

 

 

 

Os principais fatores determinantes da desnutrição nos pacientes oncológicos são a redução na ingestão total de alimentos, alterações metabólicas provocadas pelo câncer e o aumento da demanda calórica devido ao crescimento do tumor. A detecção precoce das alterações nutricionais possibilita a intervenção em momento oportuno, prevenindo a ocorrência de alterações morfológicas e funcionais dos órgãos do aparelho digestivo e até dos pulmões, com riscos de complicações pós-operatória e aumento na mortalidade.

Mesmo sem o desejo de comer, por vezes comprometido pela própria doença, o organismo do paciente pode estar carente de diversos nutrientes, muitos deles essenciais para favorecer a resposta do corpo ao tratamento. "É de extrema importância que seja feita uma avaliação nutricional e, sempre que necessário, se adote a terapia nutricional mais adequada ao caso”, afirma o Dr. Robson Moura.

Tratamento contra o câncer

Mesmo em pacientes nutridos, a terapia nutricional pode ser indicada. Isso porque o próprio tratamento contra o tumor pode causar desgastes no organismo que vão comprometer a alimentação ou a absorção dos nutrientes. Radioterapia, imunoterapia, quimioterapia e cirurgia estão associadas com algum grau de disfunção gastrointestinal, o que acarreta em menor ingestão de alimentos e perda de peso.

Segundo o presidente da SBNPE, a terapia nutricional é indicada nesses casos para manter o organismo bem nutrido, o que irá favorecer o controle das reações adversas causadas pelo tratamento oncológico. "Quando alguma estratégia terapêutica provoca reações adversas muito fortes, pode ser necessário interrompê-la para não agravar a saúde do paciente. Muitas dessas situações são evitadas com a terapia nutricional”, explica Moura.

Perda de peso

A perda de peso não planejada, sem mudança nos hábitos de alimentação e na prática de exercícios, costuma ser um dos principais sinais que precedem o diagnóstico do câncer. Quando diagnosticado, o câncer passará a ser tratado, o que irá acentuar a desnutrição do paciente. Além da terapia nutricional, é preciso que a pessoa receba orientações nutricionais, para uma reeducação alimentar ampla."Mesmo sem a doença, muitas pessoas apresentam certo grau de desnutrição simplesmente por adotarem hábitos alimentares inadequados”, destaca o presidente da SBNPE.

Ao ingressar na terapia nutricional, o tipo e a via de acesso são definidas a partir da avaliação do paciente. O uso da via enteral (oral) não é feito quando há toxicidade gastrointestinal, o que impede a absorção adequada dos nutrientes. Assim, a via parenteral (veias) é escolhida, seja como fonte parcial ou total de nutrientes.

Alimentos e fatores que aumentam e diminuem o risco de câncer

Tipo de câncer

Diminui o risco

Aumenta o risco

Câncer de esôfago

Frutas, hortaliças sem amido

Bebida alcoólica, obesidade, chimarrão

Cólon e reto

Alimentos ricos em fibras

Carnes vermelhas, carnes processadas, bebidas alcoólicas, gordura abdominal

Pâncreas

Acido fólico

Gordura corporal

Boca, faringe, laringe

Bebidas alcoólicas

Frutas, hortaliças sem amido

Estômago

Frutas, hortaliças sem amido, alho, cebola

Sal, alimentos conservados em sal

Recomendações no combate à desnutrição dos pacientes oncológicos

ü Evitar o consumo de alimentos e bebidas que promovem ganho de peso como aqueles com alta densidade energética, bebidas açucaradas e alimentos tipo fast food;

ü Consumir frutas e vegetais;

ü Consumir pelo menos cinco porções de hortaliças sem amido e de frutas variadas todos os dias;

ü Consumir cereais (grãos) poucos processados e/ou leguminosas em todas as refeições;

ü Limitar alimentos processados (refinados) que contenham amido e consumir 25 gramas de fibras por dia;

ü Evitar alimentos processados e preservados em sal;

ü Consumir o mínimo possível ou nenhuma carne processada (defumados, embutidos, enlatados).

Fonte: Gabriela Buck

Tags:   Brasil
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